XXI SEMINANOSOMA

383 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) O HOMEM E A TECNOLOGIA: SOBRE O PROBLEMA DA COLONIZAÇÃO DO MUNDO HERMENÊUTICO PELO AVANÇO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Josenilson Rodrigues1 RESUMO Introdução: Homem e tecnologia caminham juntos na história da hu- manidade. Desde sempre, o homem buscou novas técnicas para se relacionar com o mundo no qual está inserido. A descoberta do fogo, as ferramentas de pedra e de ferro, o desenvolvimento da agricultura e da roda, as revoluções industriais etc.; enfim, da descoberta do fogo e da criação dos primeiros meios de produção até a era da informação. Um mundo digital que engloba uma sociedade marcada pela velocidade e pela massificação da (des)informação. Nos termos de Zygmunt Bauman2, um mundo líquido. É nesse contexto – e principalmente diante do desenfreado e ainda não compreendido avanço da inteligência ar- tificial – que o presente trabalho objetiva refletir sobre de que modo o avanço da IA pode colonizar o mundo hermenêutico do homem. Para tanto, busca-se: i) compreender o problema da técnica; ii) entender o problema hermenêutico como uma condição humana no mundo; e iii) expor como uma postura irrefletida ante o avanço da IA pode ensejar a colonização do mundo hermenêutico. Afinal, de que forma o uso de- senfreado e irrefletido das IAs pode acarretar a atrofia dos horizontes compreensivos e interpretativos do ser humano em prol de uma razão meramente técnica? Método: Trata-se de um estudo cujo procedimen- to de investigação se apoia na técnica de pesquisa bibliográfica, e o “método” de abordagem utilizado é o fenomenológico-hermenêutico. Resultado: Martin Heidegger3 distingue técnica da questão da técni- ca. A primeira não seria, em si, constituinte de um problema à capacidade humana de reflexão. A segunda, por sua vez, é a que pode fazer emergir problemas atinentes a questões históricas e filosóficas sobre o porvir do ser humano na civilização. Trata-se do pensamento adstrito a uma razão meramente calculadora e planificadora, que relega o elemento reflexivo do pensamento. É no âmbito dessa questão da técnica que surgem reflexões sobre o futuro do homem e a preservação de sua humanidade face ao avanço da tecnologia. Foi a partir de 1 Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), josenilsonr.2016@gmail.com 2 BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. 3 HEIDEGGER, M. The question concerning technology. New York: Harper, 1977.

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