Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

119 Vanessa Just Blanco A cogitação Bakhtiniana, sob a condição de ser autor, resgata o autor de um cenário mortífero na filosofia sem, contudo, santificá- -lo ou centralizá-lo no universo da produção das narrativas, como alguns estudiosos da literatura vinham fazendo. Nesse âmbito, o coautor também é convidado para dialogar sobre as narrativas, não sendo mais relegado à condição de mero leitor e tampouco ao extremo de único consolidador da narrativa. Não é à toa que Bakhtin é chamado para compor a lógica interativa da sala de aula, posto que, a partir de sua teoria, é viável compreender que os alunos (coautores) leem e se manifestam em relação à narrativa (planejamento) criada por um docente (autor). Logo, o que percebemos não é a centralização no docente (como autor) ou no discente (como leitor), mas o relacionar e dialogar entre as partes, sendo isso relevante para repensar a educação. Bakhtin (2010) ainda destaca a importância do cuidado estético, com a forma e o espaço utilizado para o expressar-se, tanto quanto de atenção ao conteúdo apresentado. Se esse “ser autor” é exercitar a autoria, no sentido de selecionar conhecimentos e experiências, organizá-los e decidir por como apresentar esses conteúdos, então, o professor, que planeja, é mesmo autor. Planejar conecta discente e docente numa relação de autor e coautor e de autor e leitor da vivência. O aluno é tantas vezes o provocador do “excedente de visão” (Bakthin, 2010) do autor-criador docente, pois que esse último se afasta para observar a própria prática e seus alunos, desequilibrado pelo outro que se manifesta em relação à narrativa criada para disciplina. É este excedente de visão que nos levará a particularização do caminho do aprender para um grupo de alunos. A particularização se dá a partir do compartilhar, do pensar como, porque, para queme comquem fazemos nossos planos. Menegolla e Sant’Anna (2011) ressaltam “a necessidade de todos os alunos participarem do planejamento e terem emmãos, para manusearem e consultarem, o plano da disciplina” (p. 45). Focando no compartilhar, conversaremos sobre a possibilidade de produção de uma narrativa da disciplina pelo autor docente num ambiente digital. Os apontamentos abordados são fruto da experiência desta pesquisadora e docente de Língua Portuguesa no ensino fundamental e da avaliação, via formulário online (2024), do site da disciplina

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