Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

155 Jones Godinho questão de sua importância ambiental — frequentemente chamada de “pulmão do mundo” e lar da maior bacia hidrográfica do planeta —, mas de sua complexidade social e cultural. Poucos conhecem verdadeiramente a Amazônia em toda a sua diversidade. Conforme destaca Godinho (2020), a região abriga 390 povos autóctones que falam 240 línguas diferentes, além de 137 povos “isolados”, o que impõe a necessidade de uma abordagem educativa que reconheça essas realidades e as inclua no processo formativo. Esse desconhecimento sobre a Amazônia, por parte de muitos professores, sejam eles do ensino básico ou superior, não se limita ao território geográfico, mas se estende ao campo epistemológico. A maioria dos docentes que aborda a temática “Amazônia” em suas aulas nunca teve contato direto com a região, dependendo de materiais didáticos produzidos por/em outras regiões do país e muitas vezes desconectados de suas realidades. Esse distanciamento contribui para um déficit na formação dos estudantes, agravado pela falta de tempo para o investimento em formação continuada (Godinho, 2020). Diante desse cenário, explorar as tecnologias digitais (TD) para suprir essa lacuna de forma contextualizada com a cibercultura, pode ser uma alternativa apropriada. A criação de recursos educacionais como e-books, hipermídias, vídeos e podcasts produzidos diretamente na Amazônia possibilita uma formação imersiva e contextualizada, permitindo aos professores não apenas o acesso a informações, mas a vivência, mesmo que virtual, das realidades amazônicas. Esse tipo de abordagem pode contribuir para fortalecer a articulação entre saberes acadêmicos e as realidades locais da Amazônia, promovendo uma integração mais significativa para educadores e alunos. É consenso que a formação continuada de professores, especificamente sobre a Amazônia, vai além da mera atualização técnica. Ela é um processo de construção de identidade profissional que valoriza a sociobiodiversidade e as especificidades da região. Silva (2000) argumenta que esse tipo de formação propicia que o professor construa criticamente o saber, o saber fazer e o saber ser, de modo a promover não apenas uma educação informativa, mas transformadora, especialmente frente ao contexto complexo da Amazônia. A formação reflexiva, nesse caso, é fundamental para que os docentes sejam capazes de articular suas práticas pedagógicas à realidade da região.

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