Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

Produção escrita e interação digital: uma proposta de ensino da escrita automonitorada 172 Para reduzir as dificuldades encontradas pelos estudantes no momento de escrita e incentivá-los a exercer sua autonomia em relação à reflexão de seus textos, as intervenções foram pautadas no exercício do automonitoramento e do desenvolvimento da consciência sobre sua escrita (Gombert, 1992; Spinillo; Mota; Correa, 2010; Pereira, 2013). Além disso, as ações de ensino foram contextualizadas em uma proposta de escrita que abordou a fanfiction, gênero textual muito disseminado pelo público jovem na internet. Podendo ser traduzida como “ficção de fã”, a fanfiction, mais comumente conhecida pela sua abreviação fanfic, constituiu-se pela iniciativa de fãs de determinadas obras, “que sentiam necessidade de estender o contato com o universo ficcional por eles apreciado para além do material disponível” (Vargas, 2005, p. 22). Por meio da fanfic, os sujeitos experimentam a escrita participativa e o constante desafio de tecer elementos que já existem e novas formas de ressignificá-los. Essa relação, na prática, acontece principalmente por meio das tecnologias digitais (TD), que potencializam e tornam dinâmicas as relações entre esse gênero e as pessoas que se apropriam dele. A perspectiva de um gênero construído pela união de diferentes autores e interações digitais também lança luz àsmudanças da escrita na cultura digital, que são impulsionadas pelo constante avanço das tecnologias e, por consequência, apresentam novos paradigmas a serem considerados no ensino da escrita em ambiente escolar. De acordo com Rojo (2013), a escola, sendo espaço indispensável para o conhecimento, a aquisição e a prática de diferentes modos de linguagem, não pode mais ignorar a necessidade crescente de abordar a hipertextualidade e as relações entre textos inseridos nas mídias eletrônicas. A exploração e a manipulação dos gêneros textuais por meio das TD estão associadas ao desenvolvimento dos estudantes, uma vez que, nessa interação, os discentes tornam-se capazes de trabalhar com diferentes formatos de informações, que transitam nessa situação comunicativa para tornarem-se críticos, autônomos e atuantes na sociedade (Bortolozo; Zanata; Duarte, 2018). Em relação à perspectiva das conexões entre educação e TD, Schlemmer, Di Felice e Serra (2020) nos conduzem à compreensão do conceito de Educação onLIFE, segundo o qual as fronteiras entre os espaços habitados pelos sujeitos estão sendo drasticamente re-

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