Produção escrita e interação digital: uma proposta de ensino da escrita automonitorada 182 12 respondentes optaram pela opção “Papel”. Ainda, ao precisarem responder se já haviam produzido textos em ambientes digitais em sala de aula, antes das intervenções deste estudo, 10 participantes responderam afirmativamente, enquanto 2 assinalaram que nunca desenvolveram textos por esse meio. Interessante pontuar que, dos estudantes que afirmaram já terem produzido escritas pelos meios digitais antes das oficinas, 6 afirmaram que fizeram o exercício nas aulas do componente curricular de Ciências, para fins de pesquisa, enquanto apenas 4 responderam que já exploraram a escrita nesse contexto para atividades referentes ao componente curricular Língua Portuguesa. Tais respostas ajudam a entender a dificuldade e, em alguns casos, a resistência dos participantes em integrar essas novas estratégias ao processo de escrita, uma vez que a atividade de produzir textos em ambiente escolar tem reiterado práticas, como afirma Guedes (2009), mais relacionadas à repetição de estruturas e tópicos informativos que o estudante precisa saber reproduzir para atestar sua aprendizagem, do que a um trabalho artesanal de reflexão sobre a comunicação que se estabelece na escrita. Dessa maneira, apesar de disporemde recursos facilitadores da produção textual, ficou evidente o desconhecimento das possibilidades de integração entre um exercício, até então, realizado por meios tradicionais (no caso das respostas provenientes do questionário, o papel) e sua nova perspectiva em novos ambientes digitais (o computador e, sobretudo, a internet). Essa perspectiva, somada aos relatos evidenciados acima, difere-se de certo modo do que seria esperado em uma perspectiva de Educação onLIFE (Schlemmer; Di Felice; Serra, 2020), na qual é preciso compreender que a educação acontece por meio das relações que se constituem em rede, pela conectividade e pela oportunidade de cocriação. Mesmo assim, a análise das produções textuais revelou alguns indícios dos efeitos de ações de automonitoramento durante as escritas dos participantes. Tal resultado foi oportunizado pelas intervenções realizadas nas aulas, que buscaram fornecer mecanismos para a promoção da consciência textual e formar estudantes capazes de refletir sobre os seus processos cognitivos e responsáveis pela sua própria aprendizagem (Zimmerman; Bonner; Kovach, 1996; Boruchovitch, 2001; 2007). Um exemplo dessa afir-
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