Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

195 Eliane Schlemmer e Massimo Di Felice (satélites, sensores, big data) e omeio-ambiente (plataformas, the internet of everything) (Di Felice, 2021). A perspectiva da ecologia geo-humana, sem interno, nem externo e simpoiética, acrescenta-se a dimensão informativa, proporcionada pelas arquiteturas conectivas digitais. Assim, descrevemos a natureza informativa das interações, cuja abrangência exprime a complexidade que supera as distinções humano-tecnica-natureza, própria da episteme ocidental. Anatureza da interaçãonão é determinada pelo ambiente físico enquanto tal, mas pelos modelos de fluxo informativo. Com efeito, a análise da definição da situação social pode ser totalmente separada do problema da presença física direta e concentrar nosso interesse unicamente no acesso à informação [...]. A situação social pode também ser considerada como um sistema informativo, isto é, um determinado modelo de acesso às informações sociais, um determinado modelo de acesso ao comportamento de outras pessoas (Meyrowitz, 1985, p.171). A natureza informativa das interações apresenta transformação no processamento dos “data”, ocasionados pelo advento da internet das coisas, dos sensores e das plataformas. Não somente as redes e o conjunto de dispositivos alteram nossa forma de interagir com o meio-ambiente, mas os diversos tipos de sensores, os satélites, os big data ambientais, contribuem de forma decisiva para a melhoria do conhecimento da nossa pegada e sobre os processos de alteração climática, cuja natureza exprime bem a amplitude da morfologia de tal complexidade. Longe de ser uma dimensão de virtualidade, esta perspectiva de interação e conhecimento digital entre humanos, tecnologias (dispositivos data) e meio-ambiente, configura-se como a advento da condição habitativa “atópica”. A atopia não é umnovo tipo de espaço, nem um território simulacro, nem poderia ser definida inteiramente como uma pós territorialidade, no sentido único da superação das formas físicas e geográficas do espaço. Melhor seria defini-la como a substituição desta comuma forma informativa digital e trans orgânica (...) O habitar atópico configura-se assim como a hibridação transitória e fluida de corpo, tecnologias e paisagens, e como o advento de uma tipologia de ecossistema nem orgânica, nem inorgânica, nem estática, nem delimitável, mas informativa e material ao mesmo tempo. (Di Felice, 2009, p. 291).

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