Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

197 Eliane Schlemmer e Massimo Di Felice Dessa forma, a tecnologias-conceito ECHiM evoluiu para o conceito de Educação Híbrida e Multimodal (Schlemmer, 2018), sendo a multimodalidade compreendida também como um hibridismo. Ressaltamos que no campo da educação há duas perspectivas distintas que abordam o hibridismo – o ensino híbrido e a educação híbrida. O ensino híbrido fundamenta-se na epistemologia interacionista e em teorias de aprendizagem focadas na ação humana. A educação híbrida fundamenta-se nas epistemologias reticulares e conectivas (Di Felice, 2012; 2013) e na teoria da aprendizagem inventiva em ato conectivo transorgânico5 (Schlemmer, 2023) e pressupõe um hibridismo de ordem superior que contempla as hiperinteligências, enquanto o que emerge do/no coengengramento6 de diferentes formas de inteligências. Um híbrido que se produz nessas conexões, supera as ideias de uma inteligência centrada, no humano ou na máquina. A visão dualista que separa inteligência humana, da inteligência de máquina (técnica), é complementada pela presença de outras formas de inteligência: dos dados, das plantas, dos fungos, para a constituição da ecologia de inteligências que, pela conectividade, propicia movimentos coengendrados e híbridos. Segundo Lovelock (2019), a hiperinteligência é uma forma de “mente planetária”, resultante da interconexão e da interdependência de todos os elementos. As hiperinteligências são inventivas, enquanto conectivas7 e simpoiéticas8, na co-criação e co-transformação que faz emergir um “terceiro”, um híbrido, algo que antes não existia. Nessas arquiteturas conectivas híbridas e de hiperinteligências emerge uma nova teoria da aprendizagem, denominada de Teoria da Aprendizagem Inventiva em Ato Conectivo Transorgânico -TAI-ACT (Schlemmer, 2023). 5 Teoria que está em processo de construção a partir da compreensão da teoria da cognição inventiva (Kastrup, 2015) e do conceito de ato conectivo transorgânico (Di Felice, 2017). 6 Coengendramento é compreendido como influência mútua e co-criação entre inteligências diversas, portanto, distante da simples soma das inteligências individuais, valoriza a dinamicidade entre elas. 7 Geradas a partir de conexões, resultado de interações ecológicas baseadas em atos conectivos transorgânicos (Di Felice 2017). 8 Para Haraway (2016) emergem num processo de co-criação, de “fazer com”, o que implica na transformação de ambos (co-transformação).

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