Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

239 Marlete Teresinha Gut, Cledes Antonio Casagrande e Fabrício Pontin O desenvolvimento da Cultura Digital é factual e urgente. Acompanhamos, quase que diariamente, diferentes situações e casos de pessoas e instituições sendo vítimas de ciladas e trotes operacionalizados por meio das TDs. A competência cinco da BNCC pressupõe a habilidade de saber lidar com as TDs de maneira crítica, reflexiva e ética, entendendo inclusive como são programados para apropriar-se de forma responsável e consciente. O propósito não é tornar os estudantes especialistas das ciências da computação e das TDs, mas sim em usuários preparados para utilizar as tecnologias para o bem comum e, além disso, produzir tecnologias para resolver problemas e os desafios do cotidiano e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Felice (2020) ressalta que as redes digitais rompem com os modelos tradicionais, baseados em poucos emissores e muitos receptores. No espaço digital, todos os indivíduos podem ser produtores de conteúdo, o que modifica as dinâmicas de poder e influência na sociedade. Esse contexto sinaliza a emergência do desenvolvimento de competências específicas para conviver e atuar de forma crítica, ética e produtiva nesse novo ecossistema digital. Na BNCCEM, as TDs perpassam todas as áreas do conhecimento e o percurso formativo do estudante: “o foco passa a estar no reconhecimento das potencialidades das TDs para a realização de uma série de atividades relacionadas a todas as áreas do conhecimento, a diversas práticas sociais e ao mundo do trabalho” (Brasil, 2018, p. 476). Porém, de pouco adianta incorporar os modernos artefatos tecnológicos em uma cultura escolar baseada na mera transmissão de conhecimentos. Concepção defendida por autores como Pais (2002), Schlemmer e Backes (2008), Moran (2021), entre outros, e que nos permite afirmar que a presença das TDs no ambiente escolar não é garantia de qualidade de ensino e não representa mudança na forma de ensinar e aprender, e muito menos garante o desenvolvimento de novas habilidades e competências. Cada artefato tecnológico, seja ele analógico ou digital, tem efetivamente relevância, se congruente com as concepções e práticas docentes. Nas palavras de Schlemmer e Backes (2008, p. 530), “o que faz com que um processo de ensino e de aprendizagem seja eficiente não é a opção tecnológica, mas sim a proposta epistemológica-didático-pedagógica que suporta o uso de determinada tecnologia”. Ou seja, as TDs podem

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