265 Everton Santana Rodrigues, Lynn Alves e Velda Torres câmeras e microfones – o que também pode estar associado ao fato de alguns estudantes não disporem de um espaço físico adequado para participar das aulas com privacidade e liberdade. Quando os estudantes não abrem a câmera, o áudio e nem participam do chat o “professor tem a sensação de estar sozinho”, nesses espaços online (Alves; Santos, 2023a; Alves; Santos, 2023b). O uso de plataformas privadas, como Google Classroom e Teams (Microsoft), expõe estudantes e professores a uma coleta agressiva e sistemática dos dados para fins nem sempre claros e transparentes (Alves; Santos, 2023a; Alves; Santos, 2023b; Vitorino; Alves, 2023). O Observatório da Educação Vigiada publicou, em agosto de 2024, o relatório que apresenta indicadores que comprovam as crescentes ações das empresas Alphabet (Google) e Microsoft relacionadas às universidades públicas nos continentes da América Latina e da África (Cruz et al., 2024). Portanto, é emergencial a necessidade de ampliar essas discussões nos diferentes cenários de aprendizagem, indo além de uma perspectiva meramente instrumental de uso destas plataformas sem reflexões críticas. As plataformas digitais coletam diferentes tipos de dados pessoais, que vão desde conteúdo acadêmico, como discussões nos ambientes virtuais de aprendizagem, até dados sobre o comportamento do usuário, como cliques e tempo de permanência, além de metadados, como dados de dispositivos, localização e endereço de IP (Savona, 2019). A grande questão é para o que e porque armazenar estes dados nos datacenters das Big Techs. Essa é uma discussão que vem sendo realizada por autores como Alves e Santos (2023a; 2023b), mas que não será aprofundada neste capítulo. A integração vertical dos ambientes educacionais exemplifica como os dados dos usuários fluem continuamente através das plataformas. O Google Suite for Education, por exemplo, é um pacote de software que utiliza algoritmos de aprendizagem personalizados para fornecer ferramentas educacionais, possibilitando que os dados dos usuários fluam de maneira integrada para a pilha proprietária do Google (Djick, 2022). Assim, os sistemas de informação proprietários utilizados nas instituições de ensino superior canalizam os dados gerados pelos alunos em um contexto público para um fluxo de dados proprietário, controlado por corporações (Neto, 2021).
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