Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

285 Renati Fronza Chitolina, Luciana Backes e Cledes Antonio Casagrande abstração reflexionante, constituída de dois aspectos importantes e, segundo Becker (2012), inseparáveis: o reflexionamento e a reflexão. O reflexionamento “consiste na projeção sobre um patamar superior daquilo que foi retirado de um patamar inferior” (Becker, 2012, p. 98), enquanto que a reflexão “consiste num ato mental de reconstrução e reorganização sobre o patamar superior daquilo que foi assim transferido” (Becker, 2012, p. 98). Neste estudo, o reflexionamento pode ser compreendido nas construções de robôs realizadas pelas estudantes, embasadas nos seus conhecimentos sobre o contexto apresentado para o estudo. Já a reflexão encontra-se nas construções de novos robôs, organizados a partir das reflexões sobre os conhecimentos e a construção dos novos conhecimentos sobre as temáticas estudadas. Para Schlemmer (2002, p. 55), a reflexão trata-se da “reconstrução ou reorganização cognitiva do que foi transferido, possibilitando o enriquecimento do conhecimento extraído”. Assim, o conhecimento sobre o objeto é construído a partir da estrutura cognitiva ampliada, reconstruindo e reorganizando as ações para realizar novas ações. Estes dois conceitos podem ser compreendidos como ações mentais complexas pois exigem abstração, isto é, retirar algo do objeto ou das ações, interiorizar aquilo que “os seus esquemas de assimilação atuais permitem que ele retire” (Piaget, 2012, p. 97). Quando o sujeito retira as informações, não só do objeto, mas das coordenações das ações realizadas sobre o objeto, definimos, segundo Piaget (2012), de abstração reflexionante. No ambiente de aprendizagem com robótica educativa, o processo de abstração reflexionante pode ser identificado pela capacidade do sujeito em refletir sobre as etapas do processo de montagem do robô bem como, sobre suas funções, as interações proporcionadas com o objeto e com os sujeitos do grupo e o significado que aquilo terá na vida cotidiana dos sujeitos envolvidos. Assim, as ações são assimiladas como informações do meio que, quando significadas, constituem os esquemas mentais organizados. Não se trata apenas de guardar informações, mas em organizá-las no sentido de solucionar problemas, incorporá-las nas ações cotidianas e de reequilibrar por meio do conflito, isto é, a tomada de consciência. A capacidade de refletir sobre as ações e compreendê-las consiste na tomada de consciência. Para Piaget (1978, p. 179) “a ca-

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