Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

61 Naidi Carmen Gabriel CELESTIAL alimentou o fluxo de interações ao compartilhar sua percepção. Refletindo sobre esse compartilhar, outras perturbações foram manifestadas pelas praticantespensantes ao falar da insuficiência de ter uma lousa digital na sala de aula, já que isso não representava a usabilidade das tecnologias digitais. Ainda sobre isso, ENCANTADO, perturbada, lembrou que “além do mais eu tenho medo de usar e estragar, porque foi deixado bem claro que se uma caneta daquelas estragar custa oito mil para comprar outra. Já pensou cair no chão e quebrar?”. Nas perturbações, Maturana e Varela (2002, p. 189) afirmam que “como observadores, estamos acostumados a concentrar a atenção no que é mais acessível, ou seja, nas perturbações externas, e a pensar que estas são determinantes”. Não são! O elemento da perturbação, a partir do compartilhamento de percepções e interações é como “uma voz (perturbação) somada a muitas vozes numa agitada tarde de transações na bolsa de valores (relações de atividade interna entre todas as projeções convergentes), em que cada participante ouve o que lhe interessa” (Maturana; Varela, 2002, p. 181). Isso pode significar que, como professores, em nossas salas de aula, podemos falar e falar e falar, enquanto isso nossos alunos irão escutar somente o que querem? Grande erro! Entendemos que como professores precisamos problematizar, indagar, dialogar, ou seja, linguajear, legitimando o outro como diferente. Nas relações dialógicas, emerge o compartilhamento de percepções, a manifestação de perturbações, a superação das perturbações por meio do acoplamento estrutural, no coordenar das mudanças estruturais em congruência com o meio. No TEIAs, o compartilhar dessas percepções suscitou muitas das questões que imbricam a ação docente como: o entendimento de tecnologia e o conviver a partir das relações hierárquicas. A partir do compartilhar de perturbações emergiu o movimento de pesquisa Outros#POV, quando BOB disse que “poderíamos convidar alguém para vir contar como utiliza a lousa digital”. O espaço é reconfigurado com a ampliação da convivência. A fala de BOB busca alguém legítimo, para ser tocado, em uma tentativa de coordenar o coordenar das ações congruentes ao meio.

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