Desembarque no ensino: ressignificação das práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos 74 mas são limitantes em um determinado momento histórico. Essas limitações são o ponto de partida para buscarem por transformações. As práticas pedagógicas problematizadoras, fundamentada na teoria da ação dialógica3, se faz ainda mais necessária na contemporaneidade. Exige que os homens e as mulheres estejam engajados na luta para alcançar a libertação, em um processo incessante de conquista que se dá na comunhão com os outros, o qual resulta de uma conscientização em que os homens e as mulheres (crianças, jovens e adultos) compreendema sua vocação ontológica e histórica de sermais. O objetivo dessa perspectiva problematizadora é desenvolver a consciência crítica capaz de perceber os fios que tecem a realidade social e superar a ideologia da opressão4. Na perspectiva problematizadora, os homens e as mulheres são vistos como “corpos conscientes” e se tem convicção profunda no poder criador do ser humano como sujeito da história. Os protagonistas do processo são os sujeitos da educação – educandos e educadores – que, juntos, dialogam, problematizam e constroem o conhecimento. Problematizar é exercer análise crítica sobre a realidade das relações entre o ser humano e o mundo. O que requer dos sujeitos se voltarem, dialogicamente, para a realidade mediatizadora a fim de transformá-la, o que só é possível por meio do diálogo, “desvelador da realidade” (Freire, 2016, p. 37). Dessa forma, tanto o(a) educador(a) quanto o(a) educando(a) tornam-se investigadores críticos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes: “[...] a sala de aula libertadora é exigente, e não permissiva. Exige que você pense sobre as questões, escreva sobre elas, discuta-as seriamente” (Freire; Shor, 2008, p. 25). Para pensar é necessário dialogar. Segundo Freire (2016, p. 135) O diálogo é o encontro entre homens, intermediado pelo mundo, para nomear esse mundo. Se é por meio da palavra, ao nomear o mundo, que os homens o transformam, o diálogo se impõe como o caminho pelo qual os homens encontram o significado de seremhomens. Logo, o diálogo se constitui como uma necessidade existencial. Destacamos o quanto nossas escolas silenciaram os educandos ao longo da história, com a desculpa de se manter a ordem e um 3 A ação dialógica configura umespaço democrático para as vivências e as aprendizagens, em oposição ao autoritarismo presente na escola tradicional. 4 Os opressores tentammanter, por meio da educação bancária, a reprodução da consciência ingênua, acrítica.
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