Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

75 Érica Cecília Noronha Da Boit e Luciana Backes ambiente adequado de aprendizagem. O diálogo apresentado por Freire (2016) é aquele que une homens e mulheres responsáveis e não existe em relações de dominação. Ao contrário, o diálogo é bem- -vindo quando os homens e mulheres estão conscientes do seu inacabamento e dispostos a aprender e a ensinar, em um compartilhamento de conhecimentos capaz de construir novos conhecimentos. As práticas problematizadoras e dialógicas que vamos discutir neste capítulo são inspiradas nessas concepções freirianas. A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos, narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e educandos saibam que a postura deles, do professor e dos educandos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que o professor e educandos se assumam epistemologicamente curiosos (Freire, 2013, p. 83). As práticas dialógicas ocorrem no processo de conhecimento humano. Para Freire (1979), homens e mulheres são sujeitos do conhecimento, na ampliação da relação sujeito-objeto, porque há uma relação intercomunicativa entre os sujeitos (diálogo para escolha das palavras) sobre o objeto. Assim, há uma coparticipação entre eles no ato de conhecer, provocando interações e produções coletivas. Freire (2013, p. 24) adverte que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Pensar em práticas que busquem o desenvolvimento da autonomia dos homens e mulheres, a experimentação e a construção do conhecimento por meio da interação, se faz necessário. Essa concepção proporciona outras experiências aos educandos e educandas para o compartilhamento de saberes, potencializando a construção de conhecimento coletivo. Este compartilhamento de conhecimentos, histórias de vida, questões e dúvidas, instigam e legitimam os educandos e as educandas no processo de aprender. 3 NOSSOS PASSOS: CONSTRUÇÕES COLETIVAS NA PESQUISA AÇÃO O capítulo traz uma das discussões realizada na dissertação de Boit (2022), com educandos e educandas da EJA de uma escola

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