Desembarque no ensino: ressignificação das práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos 78 dialógicas e problematizadoras, aulas expositivas e consultas em livros ou sites é inspirada nas pedagogias paralelas de Freire (1991). Essa relação dialógica foi igualmente evidenciada no Quadro 1 discutindo sobre as compreensões das regras da escola, articuladas a proposta das oficinas (coexistência de artefatos digitais e analógicos) e configuraram um espaço para construções de combinações coletivas para a sequência das oficinas. Essa problematização inicial para Freire (2020) revela a não neutralidade da educação. Cabe aos educadores e educadoras posicionar-se frente a essa escolha, instigando seus educandos e educandas a fazerem o mesmo. Quadro 1 – Discussão sobre o uso de celulares durante as oficinas. Educando 1 Acho bem estranho. Sempre nos proíbem de usar o celular, tem até uma placa na sala proibindo e agora pode? Não dá pra entender… Educando 2 Acho bem legal, pra tudo se usa o celular, o mundo está dentro do celular, então por que não usar em sala de aula? Educando 1 Eu concordo contigo, só acho que deveria ser em todas as matérias. Educando 3 Mas, não vamos usar para qualquer coisa, né profe? É para as matérias da aula. Educando 4 Acho que vou aprender melhor assim. Pelo menos não vai ser tão cansativo. Educando 2 Tomara, pois não aguento mais copiar e copiar! Fonte: Arquivo da pesquisa (2022). Nesse mesmo quadro, o Educando 2 traz a seguinte reflexão sobre o uso de celulares durante as oficinas: “Tomara (que possam usar), pois não aguento mais copiar e copiar”. Esse posicionamento do educando traz à tona a educação bancária que ainda continuamos a praticar nas escolas. A prática problematizadora proposta pela professora-pesquisadora trouxe reflexões sobre a estrutura da escola e sobre as metodologias usadas em sala de aula, potencializando um espaço dialógico de construção de conhecimentos e da autonomia. Para a pesquisa-ação planejamos práticas problematizadoras e dialógicas, para além da reprodução e da cópia. Em contraponto a essa fala do Educando 2 (Quadro 1), nos diálogos em roda de conversa, a turma foi provocada a discutir sobre os processos de exploração no continente africano. Novamente as práticas bancárias de cópia e exposição do professor que deposita o conhecimento no educando e educanda, emergiram no debate. Durante essa roda de conversa,
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