Convivências e rede(s): culturas, linguagens e tecnologias na educação

89 Luciane Priori Monteiro 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A alfabetização O percurso da alfabetização no Brasil segundo Mortatti (2019) tem avanços e retrocessos e foi influenciado por questões políticas, econômicas e sociais, vinculados a modelos pedagógicos e sustentados por diferentes projetos de nação. Percorrendo por diversos momentos, a alfabetização iniciou como um instrumento privilegiado da aquisição da leitura e escrita, passando por sua face mais visível através dos métodos analíticos e sintéticos e também por cartilhas que induziram o ensino da leitura, ora iniciando o processo de ensino pela palavra, ora pelos fonemas. Entretanto, esses métodos evidenciaram as dificuldades de aquisição da leitura e escrita pelas crianças, especialmente na escola pública. Na intenção de enfrentar o fracasso escolar da alfabetização e em decorrência das mudanças políticas, sociais e culturais, a partir da década de 80, pôs-se o questionamento sobre o ensino inicial da leitura e escrita. Assim, foram adotados por pesquisadores brasileiros três modelos: o construtivismo, o interacionismo linguístico e o letramento. O construtivismo utilizado como modelo hegemônico relativo à alfabetização (Mortatti, 2019), configurou um novo contexto para a alfabetização baseado nas pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita desenvolvida por Ferreiro e Teberosky (1999), pela qual, a alfabetização era considerada como um processo que prioriza o modo como as crianças aprendem. Ferreiro e Teberosky (1999) realizaram estudos sobre o processo de alfabetização e publicaram em uma obra denominada como Psicogênese da Língua Escrita. Neste livro elas apresentam a pesquisa para compreender o processo pelo qual a criança constroi durante a aquisição da leitura e escrita, na interação com o conhecimento e com os demais, e assim auxiliar no fracasso escolar nas turmas de alfabetização. As autoras analisaram o processo de aquisição da leitura e escrita com base em como a criança aprende, ou seja, por meio de suas próprias hipóteses, em um contexto social. Em suas pesquisas evidenciam que a gênese do conhecimento acerca da língua escrita pelo alfabetizando, é um produto de uma construção ativa, na qual

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