100 amplo. Além disso, não apenas contribui para a construção das conexões intergeracionais que perpassam toda a comunidade acadêmica e a história da própria UFRGS, particularmente em uma conjuntura de ataque e desmonte do sistema de ensino público, mas também da luta e da resistência. Os professores que sofreram os expurgos promovidos pela Ditadura de Segurança Nacional são, quase quatro décadas depois, referência na luta contra a intolerância, contra a discriminação e por uma universidade socialmente comprometida, com autonomia e diversidade de pensamento. Essas mulheres e esses homens não precisam de um Félix Ventura – o protagonista do instigante “O vendedor de passados”28 –, que tem como ofício inventar, reciclar e vender passados a quem tiver condições de pagar por eles. Os professores expurgados não precisam disso. O seu passado só precisa ser conhecido, lembrado, relembrado e reconhecido pelas novas gerações, porque é um passado digno, íntegro e motivo de inspiração. E mais do que nunca, seu exemplo reverbera no presente, como semente de resistência e coerência em defesa da ciência, da educação e de uma consciência cidadã fundamentada em valores democráticos e de tolerância. 28 AGUALUSA. José Eduardo. O vendedor de passados. São Paulo: Planeta do Brasil, 2018.
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