14 No momento em que escrevíamos estas linhas, a UFRGS vivia sob a intervenção de um reitor que não foi escolhido pela comunidade acadêmica, mas imposto por um ex-presidente de extrema-direita. Entretanto, esse tipo de desrespeito à universidade e a perseguição a seus membros começaram muito antes. Dizem os historiadores que um povo sem memória é um povo sem história. Nós, do Coletivo Memória e Luta, formado por docentes de diferentes áreas do conhecimento, atuamos para recuperar a memória dos tempos obscuros da nossa universidade, porque essa é a forma de impedir que essa história se repita. Nossa atuação iniciou em 2019, quando resgatamos a história dos expurgos de professores de nossa universidade, ocorridos em 1964 e 1969. Homenagear os professores e professoras,cruel e injustamente expulsos daUFRGS, tornou-se nossa tarefa primordial. Para lembrá-los, erguemos um Memorial no campus central da universidade. Porém era preciso também contar sua história. Para isso, o Coletivo produziu uma exposição de aquarelas que expõe didaticamente o contexto dos expurgos. Era também fundamental ouvir os professores e professoras expurgados que ainda estavam entre nós, para que dessem seu testemunho em primeira mão daquilo que viveram. Assim, foram organizadas rodas de conversa com docentes expurgados e ex-dirigentes estudantis na UFRGS. Buscando tornar esses registros perenes e de acesso a todos, a partir de entrevistas concedidas à TVE, foram montados dois vídeos, com excertos de depoimentos de quatro desses professores. Além disso, um livro – cujo conteúdo você vai encontrar aqui em parte – foi publicado em 2021, distribuído gratuitamente e enviado
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