Os expurgos da ditadura na UFRGS: memória, verdade e justiça

46 A Operação limpeza que atingiu a sociedade brasileira foi aplicada com rigor nos espaços de criação de pensamento crítico e autônomo e de produção de conhecimento econômico, político e cultural: a universidade brasileira, um dos alvos preferenciais do Estado de exceção. Na UFRGS, 18 professores foram sumariamente afastados, em setembro de 1964, a partir das “investigações” realizadas pela Comissão Especial de Investigação Sumária (CEIS). Entre eles, os professores Ernani Fiori, da Filosofia, e Demétrio Ribeiro, da Arquitetura. Mas o processo não pararia ali, pois o professor Emilio Ripoll seria expurgado cinco anos depois. ACEIS fora criada peloMinistro da Educação e Cultura,Flávio Suplicy de Lacerda, e instituída pelo reitor José Carlos Fonseca Milano, que exigira a cada unidade da UFRGS a indicação de um nome para compô-la. A Faculdade de Arquitetura foi a única a resistir a esse constrangimento e a se negar a fazer essa indicação. Entretanto, quem efetivamente coordenava a CEIS/UFRGS era o Gen. Jorge Cesar Garrastazu Teixeira, oficial indicado pelo 3º Exército. Os “julgamentos” aconteciam na sala onde ainda hoje ocorrem as reuniões do Conselho Universitário (CONSUN). Para saber mais: MANSAN, Jaime Valim. Os expurgos na UFRGS. Afastamentos sumários de professores durante a ditadura militar. Curitiba: Apris, 2023. GIANNAZI, Carlos. Marcha contra o saber. O golpe militar de 1964 e o AI 5 na Universidade de São Paulo. São Paulo: Global, 2014.

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