Os expurgos da ditadura na UFRGS: memória, verdade e justiça

50 Passado o impacto inicial provocado pelo Golpe e a repressão que se seguiu, a sociedade civil e os movimentos de esquerda, sobretudo na universidade, reorganizaram-se para defender a democracia. Em Porto Alegre, os alunos de cada unidade organizavam a tradicional Passeata dos Bixos. Era um desfile dos calouros, que se fantasiavam e carregavam alegorias com sátiras sociais que divertiam, mas, sobretudo, faziam críticas ao sistema. Eles percorriam as avenidas Salgado Filho e Borges de Medeiros e a Rua da Praia, e milhares de pessoas assistiam aos desfiles. Certa vez, os estudantes de Veterinária desfilaram com um enorme dinossauro, acompanhado da inscrição “último estágio da evolução brasileira”. Em 1966, em pleno período ditatorial, os calouros da Filosofia fizeram um desfile inspirado na peça “Liberdade, liberdade”, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, posteriormente censurada. Vestidos de preto, os estudantes levaram grandes caixas de onde saíram pombas brancas. Como conta Jaime Mansan, “A Filosofia venceu aquela última Passeata dos Bixos, recebendo sete notas 10, uma nota 4 e um isolado zero, dado pelo Secretário de Segurança Pública do RS, Cel. Washington Bermudez”. A partir daquele dia, a Passeata dos Bixos foi proibida. Para saber mais: MANSAN, Jaime. Movimentos estudantis no sul do Brasil durante a ditadura militar: uma reflexão a partir do caso da UFRGS (1964-1974). In: PEREIRA, Elenita Malta; DEBIASI, Rose Elke (org.). Movimentos sociais e resistência no sul do Brasil. Curitiba: Appris, 2020. PONT, R. J. A. Liberdade, liberdade. In: ACCURSO, C. F. et al. (org.). O ensino de Economia na UFRGS. Porto Alegre: UFRGS, 2000.

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