76 zer-se de um problema.Quanto à conduta humana, há conotações mais explícitas: remover pessoas que tenham ferido normas internas ou contrariado a autoridade; remoção de indivíduos de uma coletividade por questões políticas, doutrinárias ou por terem comportamento imoral; tática violenta para reprimir a oposição; e afastamento de ideias e doutrinas perniciosas que não convêm aos governos. Historicamente, o Brasil carrega no seu DNA indicadores estruturais de acentuada violência e injustiça social. Durante décadas, imperou pesado manto de silêncio institucional em relação à Ditadura de Segurança Nacional (1964-1985), sobre a qual pouco se falava e muito se desconhecia. Documentos eram negados, crimes ocultados e fatos tergiversados. O olvido das agressões estatais e a impunidade decorrente reforçaram aspectos antidemocráticos da transição política e abriram espaço a posturas revisionistas e negacionistas, até à eleição de um governo que reivindica a “Revolução de 64” e seus brutais métodos repressivos. O veneno político que na atualidade contamina todo o território nacional lembra, com muita preocupação, o período sombrio e arbitrário que iniciou com a queda do governo constitucional de João Goulart. As conexões entre um e outro contexto são evidentes. Há paralelismos entre os acontecimentos de 1964 e 2019. Um par de informações serve de ponto de partida. Por um lado, 1964 foi o ano em que os setores golpistas atacaram a democracia brasileira, desencadeando uma série de ações violentas, entre elas, uma primeira onda de expurgos de docentes no ensino superior, como no caso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por outro lado, 2019 será lembrado por ter assumido o cargo de Presidente da República o capitão Jair Bolsonaro, que faz apologia da tortura. Ainda nesse ano, no âmbito da UFRGS, um grupo de professores intitulado Coletivo Memória e Luta realizou uma série de eventos, resgatando e reivindicando a trajetória das
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