77 vítimas dos expurgos de 1964 e 1969. Um importante contraponto pontual – oxigenador e carregado de simbolismo –, ante o sentimento de sufoco e tensão promovido, sistematicamente, desde o Governo Federal. Em outras palavras, um marco reparador “[...] para que possa ser conservada a memória e para que não desapareça a história real”8. A seguir, registro alguns marcos cronológicos, que, minimamente contextualizados, ajudam a compreender a lógica do processo histórico específico. MARCOS PARA DESCONHECEDORES, ESQUECIDOS E ESQUECEDORES Em 1964, logo após o golpe de Estado, ocorreu a primeira onda de expurgos na UFRGS, parte de um conjunto de medidas coercitivas impostas no Rio Grande do Sul (RS) e no resto do país. A partir desse momento, a parcela da população que não havia apoiado o golpe (por ser conscientemente contrária ou por não ter maior compreensão do seu significado) ficou refém da dinâmica que ignorava a Constituição e interditava a democracia. Quatro anos depois, em 1968, momento de intensas mobilizações motivadas pelo ensejo de normalização das instituições e retomada do espaço público, tentou-se pressionar o regime para recuperar a democracia perdida. Contudo, o “68 brasileiro” redundou no AI-5 e no endurecimento de um regime que já era brutal, afogando as esperanças de milhões de cidadãos, que ansiavam por uma mudança política que permaneceria muito distante. O reforço repressivo produziu graves 8 MIÑARRO, Anna. Reparación. In: VINYES, Ricard (dir.). Diccionario de la memoria colectiva. Barcelona: Gedisa, 2018. p. 418.
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