79 da Verdade (CNV). Esta visava revelar muito do que havia ocorrido durante o regime de exceção. De forma tardia, instalava-se, como em outros países com experiências semelhantes, uma comissão de notáveis para esclarecer o que fora ocultado. Ou seja, por fim, após 27 anos do fim da era civil-militar, implementava-se uma iniciativa estatal para – apesar do diversionismo oficial, do mutismo estatal e da impunidade reinante –, dar inteligibilidade ao passado traumático, aquele que não passa. Um ano depois, em 2013, a Aula Magna da UFRGS teve como título “Comissão Nacional da Verdade”, proferida por Cláudio Fonteles, um dos seus sete comissionados. Um Salão de Atos lotado e vibrante ouviu atentamente a explanação sobre as arbitrariedades cometidas pela ditadura, o avanço dos trabalhos dos grupos de trabalho e das comissões vinculadas à CNV, os aportes de novos acervos documentais e a ênfase do papel das universidades para alimentar as pesquisas em andamento e o processo ético por memória e verdade disseminado pelo país10. Entre os assistentes, destacava-se um número importante de pessoas coetâneas do regime ditatorial. Contudo, a maioria era constituída de jovens estudantes ávidos por saber mais sobre o passado da geração dos seus pais e avós. Apesar do forte impacto produzido pela fala de Fonteles, cabe acrescentar um pequeno detalhe: ainda que, a partir de 2012, tenham-se constituído institucionalmente Comissões da Verdade em diversas universidades públicas do Brasil, isso, surpreendentemente, não aconteceu na UFRGS. 10 UFRGS. Site institucional. Aula Magna na UFRGS exalta defesa da democracia. 7 maio 2013. Disponível em: http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/aula-magna-na-ufrgs-exalta-defesa-da-democracia. Acesso em: 7 mar. 2020.
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