Os expurgos da ditadura na UFRGS: memória, verdade e justiça

80 Os trabalhos da CNV se encerraram em 2014, com a entrega do Relatório Final à presidenta Dilma Rousseff; nele constava que, durante a ditadura, em relação às perseguições nas universidades, estas haviam sido atingidas por [...] atos normativos que redundaram em afastamentos e demissões, por um lado, de professores e funcionários e, por outro, de estudantes. Também, as inúmeras invasões de faculdades ou de universidades demonstram a cultura política repressiva que conduziu os militares à prática de graves violações. Uma série de projetos, linhas de pesquisas, cursos e grupos foram afetados e, muitas vezes, banidos do sistema. A ditadura passou até mesmo a controlar a produção de livros e estabeleceu a censura para muitos outros (Decreto-lei n. 1.077/1970). Implantou uma política de modernização autoritária das universidades. Também ocorreu colaboracionismo de professores e dirigentes com o novo regime.11 Portanto, entre suas várias conclusões, a CNV reconhecia que mecanismos estatais de violência tinham sido aplicados contra a estrutura universitária e integrantes da sua comunidade identificados com alguma forma de resistência, crítica ou conduta considerada perigosa segundo os critérios do governo ditatorial. No ano seguinte, em sessão oficial relacionada ao Dia dos Professores, a Comissão da Anistia do Ministério da Justiça fez, em nome do governo, um pedido formal de desculpas aos educadores.12 11 BRASIL. Comissão Nacional da Verdade (CNV). Relatório: mortos e desaparecidos políticos. Brasília: CNV, 2014. p. 266. (Relatório da Comissão Nacional da Verdade; v. 2). Disponível em: https:// cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_2_digital.pdf. Acesso em: 8 maio 2020. 12 “Brasil anistia professores perseguidos pela ditadura”. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc. com.br/direitos-humanos/noticia/2015-10/brasil-anistia-e-pede-desculpas-professores-persegui dos-pela. Acesso em: 8 maio 2020.

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