93 nagear os professores afastados (e indiretamente), os funcionários e estudantes perseguidos) constitui um momento de reparação e recuperação de nomes, ideias e vivências de sujeitos comprometidos com a liberdade de consciência, a produção de conhecimento a serviço da sociedade e, certamente, o propósito de construir um mundo melhor. Se, durante muitos anos, o negacionismo foi a base para a desresponsabilização de mandatários e executores de crimes estatais, o século XXI nos defronta com uma nova situação. O negacionismo político se transmuta em reivindicação e apologia da ditadura, da tortura e dos repressores e se combina com uma nova forma de negacionismo, o científico. A terra não é plana, e a Covid-19 não é uma “gripezinha”, sabem muito bem disso os que disseminaram tais aberrações em pleno ano de 2020, manipulando multidões através da desinformação e por meio de um fanatismo alimentado por uma variante tosca do pensamento único. Os professores expurgados foram alvo de acusações infundadas, intolerância, ignorância e interesses espúrios. Nesse sentido, inscrevem-se em uma longa linhagem de perseguidos de consciência, contemporâneos a eles ou pertencentes aos mais distintos contextos históricos. Inúmeros são os casos que envolveram educadores, físicos, religiosos, poetas, cantores, juristas, cientistas, artistas, filósofos, jornalistas, etc.–a grande maioria anônima ou pouco conhecida –, todos padeceram o peso do poder discricionário. Dessa estirpe fazem parte Graciliano Ramos, Federico García Lorca, Patrícia Galvão, Miriam Makeba, Paulo Freire, Chico Buarque, Mercedes Sosa, Galileu Galilei, Chico Mendes, Abdias do Nascimento, Francisco Ferrer y Guardia, Claudia Andujar tantos outros de uma lista infindável. Na sua essência, a lógica por detrás da violência contra essas pessoas não difere daquela imposta aos professores expurgados da UFRGS e dos demais estabelecimentos
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