96 (o memorial) ou temporária (a coleção de aquarelas). Paralelamente promoveu duas Rodas de Conversa, dois documentários e o presente livro. Ou seja, além dos objetos que expressam diretamente a homenagem, produziu-se material para a pesquisa e, sobretudo, abriram-se espaços que possibilitaram, aos protagonistas centrais, o direito à palavra ea serem ouvidos. Quer dizer, as variadas plataformas que serviram para expressar o reconhecimento a esses docentes contribuíram para o reconhecimento de rostos, vozes, olhares, sorrisos, emoções. Por detrás de todas essas ações se cristalizam três pretensões bem definidas: lembrar, homenagear e reparar. A instalação de “marcas da memória” tem sido o mecanismo encontrado por importantes parcelas das populações dos países vizinhos, que sofreram regimes repressivos semelhantes ao brasileiro, para “deixar testemunho” dos traumas produzidos pelo Estado. Monumentos, placas, baldosas (azulejos), ou intervenções imateriais (peças de teatro, de dança, shows musicais, saraus de poesia, etc.) são registros que se transformam em marcos territoriais permanentes ou cíclicos (por exemplo, a rememoração de datas). São dispositivos que sintetizam uma intenção coletiva, através de atos singulares, para lembrar contra o olvido; ressignificar espaços; dar materialidade aos sentidos sociais do passado recente24. O memorial em homenagem aos professores expurgados, criação do escultor Irineu Garcia, instalado no Campus Central, em um espaço reconhecidamente carregado de sentidos – bem próximo do Bar do Antônio, local de intensa efervescência estudantil durante os “anos de chumbo”–,permite sua associação comumacontecimento ímpar na história da instituição e dos sujeitos a ela vinculados em outro tempo. O 24 CHABABO, Rubén. Marcas de la Memoria, Proyecto. In: VINYES, Ricard (dir.). Op. cit., p. 266-267.
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