Sistemas, tempos e espacos: o Lab-Mundi em dez anos de fazer historiográfico

164 As conexões entre Brasil e Portugal no contexto dos levantes e da contrarrevolução miguelistas: o caso do Batalhão dos Voluntários Acadêmicos de Coimbra (1826-1828) suporte. Por fim, não posso deixar de mencionar mais duas importantes contribuições do grupo de pesquisa. Vários encontros foram dedicados a discutir textos escritos pelos seus membros e membras. A leitura atenta, as críticas e as sugestões feitas ao meu trabalho foram cruciais para que ele alcançasse êxito: o resultado foi sua publicação na Revista Almanack, um periódico conceituado na área de História. Por fim, registro aqui, particularmente, as contribuições de dois professores do Lab-Mundi, Rafael Marquese e João Paulo Pimenta, nas figuras de quem agradeço os colegas pelos anos de aprendizado. Os professores, cujos trabalhos acompanho há anos, desde a minha graduação, e especialmente João Paulo Pimenta que supervisionou esta pesquisa, foram decisivos na construção da pesquisa que ora apresento. Introdução O alistamento de brasileiros e portugueses no Batalhão dos Voluntários Acadêmicos de Coimbra, na segunda metade da década de 1820, é um bom exemplo daquilo que os historiadores Gabriel Paquette e Matthew Brown2 vêm afirmando: a persistência da influência mútua entre Portugal e Brasil após a independência da ex-colônia portuguesa na América. Propondo que se considere as conexões transatlânticas após o colonialismo, muitas vezes negligenciadas por uma historiografia nacional, os autores defendem que a desagregação dos impérios ibéricos não foi marcada unicamente por rupturas, mas, antes, por continuidades. A constituição do Batalhão dos Voluntários Acadêmicos de Coimbra nos anos de 1826 e 1828 certamente pode ser considerada uma dessas permanências. Unidos, brasileiros e portugueses, defenderam o liberalismo e a legitimidade de d. Pedro e sua descendência ao trono português. Contudo, a dura experiência do exílio político, consequência do malogro da Revolução Liberal de 1828 e da violência do regime instituído por d. Miguel, ainda que tenha fortalecido a ideologia liberal, também sobrelevou os ressentimentos e as identidades políticas em construção. Como veremos, as cartas do estudante maranhense Sátiro Mariano Leitão e as respostas que elas suscitaram nos permitem fazer algumas considerações sobre, de um lado, o antibrasilianismo em Portugal, e do outro, o antilusitanismo no Brasil.3 2 BROWN, Matthew; PAQUETTE, Gabriel. Connections after colonialism: Europe and Latin America in the 1820s. Alabama: The University of Alabama Press, 2013. 3 Em razão dos limites impostos ao texto, o antilusitanismo não será aprofundado neste capítulo bastando dizer que as cartas do estudante, discutidas conjuntamente com os debates políticos no Brasil, podem contribuir para o aprofundamento desse tema.

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