211 Disputa de temporalidades. Comentário às reflexões teóricas sobre o tempo no Lab-Mundi1 Nicolás Alejandro González Quintero2 Os quatro textos que discutirei neste breve comentário nos oferecem reflexões teóricas e metodológicas excelentes que nos ajudam a refletir sobre o tempo como objeto de estudo. Os trabalhos de João Paulo Pimenta, Isabela Rodrigues de Souza, Bruno Fonseca da Miranda e Gianfranco Caterina nos permitem pensar a relação entre vivência, experiência e tempo histórico, bem como a hierarquia e o convívio de diferentes tempos históricos. Ao final, o que podemos vislumbrar é a importância de diferenciar os conceitos antes mencionados e entender as disputas possíveis entre distintos tipos de temporalidades. Como os autores expressam em seus escritos, não há uma única temporalidade. As temporalidades são múltiplas e convivem em um mesmo momento histórico. Pelo tanto, tudo processo histórico é, em si mesmo, a coexistência de temporalidades múltiplas que se sobrepõem, se aceleram e, em muitas ocasiões, entram em conflito entre si. A partir dessas premissas, comentarei os textos e farei algumas perguntas que, no futuro, podem ser úteis para gerar novas questões para as pesquisas dos autores. O trabalho de João Paulo Pimenta nos apresenta uma reflexão fascinante sobre os conceitos de vivência e experiência e sobre a importância de entender hierarquias dentro dos tempos da História. Pimenta começa seu texto discutindo um fragmento da obra de Hermut Rosa sobre a aceleração do tempo nas sociedades modernas. Rosa considera que as sociedades modernas são ricas em vivências, mas vazias de experiencias, já que a mudança constante de espaços de experiencia e de horizontes de expectativas não permite aos indivíduos transformar as vivências – entendidas como o que fazem as pessoas no cotidiano – em experiências – entendidas como a reflexão as pessoas fazem de seu cotidiano a partir de suas conceições individuais e coletivas de seu passado e futuro –. Pimenta mostra que fazer esta diferenciação pode nos levar a uma 1 [nota de esclarecimento dos organizadores]: Para além de ter oferecido seus comentários na mesa “Tempo, rupturas e acelerações”, do Evento “10 anos de Lab-Mundi”, Nicolás Alejandro González Quintero muito gentilmente transformou suas notas neste texto, que agora faz parte de nossa obra coletiva. A ele somos muito agradecidos por mais esta contribuição. 2 Pós-doutorando em História pela Universidade de São Paulo (USP). Bolsista Fapesp (N° do processo: 2022/03781-2). DOI: https://doi.org/10.29327/5450727.1-19
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