218 Representações visuais de consumo de bebidas estimulantes, 1630-1815 Nicole L. Bianchini Introdução A imagem pode ser interpretada como o ponto de encontro de todas as instâncias que a compõem, incorporando aspectos materiais envolvidos na formação do horizonte de possibilidades artísticas dadas aos seus produtores e aos membros de sua cadeia produtiva. Esses aspectos tornam-se essenciais no caso das imagens que representam consumo, como a aclimatação à Europa de commodities importadas e posteriormente tornadas coloniais no longo século XVIII. Pensar a imagética numa janela interpretativa para refletir sobre questões mais amplas que consideram a materialidade e imaginário na constituição da identidade de povos europeus e de suas políticas comerciais nesse período, a relação mental e material torna-se chave interpretativa premente. É disso, e dos percursos metodológicos necessários para dialogar com tempos e estruturas, de que irei tratar aqui. O ciclo comercial da commodity inicia-se na sua produção, engloba sua circulação, consumo e interpretação para, então, ser posta em imagens. Cada uma dessas etapas tem uma cronologia própria, mas a produção imagética caracteriza o encontro entre essas temporalidades, naquilo que Koselleck denominou como “estratos do tempo”,1 a ideia de que o fenômeno histórico é composto por diferentes dimensões temporais que operam em durações distintas. Portanto, ao examinar um dado processo ou documentação, coexistirão repetições e transformações que devem ser levadas em conta e postas em relações dialéticas para serem compreendidos completamente. Na prática, observar a imagética de consumo por uma perspectiva de dialética dos tempos 1 KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014. p. 19-20; BRAUDEL, Fernand. História e Ciências Sociais: a longa duração. Revista de História, v. 30, n. 62, p. 261-294, 1965. DOI: https://doi.org/10.29327/5450727.1-20
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