262 As imagens e os Tempos Sarah Tortora Boscov O tempo encontra-se por toda parte e não há como entender a história de qualquer sociedade se apartando da temporalidade. Ao longo da história as sociedades se relacionaram com seus tempos e desenvolveram formas subjetivas individuais e coletivas de experienciar o tempo histórico – aqui compreendido como fenômeno social, isto é, um conjunto articulado de estruturas históricas que apresentam especificidades de um dado momento da história. A vivência desse tempo, em meio a homens e mulheres de determinado corpo social, invariavelmente gera aquilo que chamamos de noções de tempo, que são conhecimentos de certa maneira intuitivos ou inconscientes, mas também imediatos ou conscientes do que seja o tempo ainda que de forma primária. Essas noções podem encaminhar a concepções a respeito do que é o tempo, de modo a produzir conhecimento referente ao mesmo, de onde surge a possibilidade de representações do tempo de formas variadas, sendo uma delas as representações pictóricas, imagéticas e simbólicas que por seu turno podem ser articuladas a conceitos.1 O presente texto visa demonstrar, mesmo que de forma sucinta, como o tempo histórico pode ser representado por via material obtida através de imagens produzidas por sociedades do passado e do presente, e de que maneira existe a possibilidade de vislumbras as experiências vividas no passado as quais, conforme Reinhart Koselleck,2 se articulam em tempos históricos, e são por estes significados. Admitimos, assim, que a expressão artística em suas diversas facetas pode ser a representação do pensamento social mediante o qual o historiador pode reconhecer como uma dada coletividade percebe e formula sua identidade, expressa seus valores e crenças, estabelece referencias e rejeita elementos estranhos às suas convicções.3 1 PIMENTA, João Paulo. Notions and concepts of time in late eighteenth-century Brazinternationaler Kongress zur Erforschung des 18, 13º, Jahrhunderts, Graz, 2011. p. 1-12. 2 KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; PUC-Rio, 2006. 3 LIMA, Valéria Alves Esteves. Um “em Marcha”: Pensamento e Prática Artística no Brasil Oitocentista. Impulso, Piracicaba, v. 25, n. 64, p. 109-124, set./dez. 2015. Disponível em: https://www.metodista. br/revistas/revistas-unimep/index.php/impulso/article/view/2837. DOI: https://doi.org/10.29327/5450727.1-23
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