264 As imagens e os Tempos ritmos temporais presentes no momento de sua produção e que foram apreendidos pela imagem. A sensibilidade diante do tempo é delineada pela experiência e pela expectativa, duas categorias empregadas por Koselleck, e são importantes, pois passado, presente e futuro sujeitam-se a elas em termos de duração, e de acordo com as sensações vividas podem se alterar, se expandir ou encurtar-se.9 A tensão entre essas duas categorias produz o tempo histórico, o tempo que abarca, como afirma João Paulo Pimenta, a “síntese dos muitos tempos da história. Afinal uma mesma sociedade possui várias dimensões, cada uma com seus ritmos próprios de existência e transformação; logo, possui não apenas um, mas vários tempos, e todos ao mesmo tempo”.10 Esses muitos tempos da história produzem as estruturas que amparam os tempos e estipulam os limites da ação do indivíduo em dada sociedade, são “sempre internamente assimétricas (de acordo com as hierarquias de tempo nela[s] encontradas), mas também [estão] sempre se movendo e modificando no espaço e…no tempo”.11 A partir do presente as sociedades ressignificam o passado e o futuro, da mesma maneira que é no presente que a experiência pertencente ao passado é revivida na atualidade e, inclusive, pode ser modificada a depender de perspectivas diferentes desse mesmo presente,12 em última instância a experiência está impregnada de realidade. Paradoxalmente, Didi-Huberman chama a atenção para o fato de que as imagens não estão no presente, são sobreviventes ao tempo e o encapsulam simultaneamente, daí decorre a oportunidade de vislumbrar as relações de tempo mais complexas comportadas pela imagem, sendo o presente algo como um “múltiplo comum” ou “mínimo divisor”.13 A experiência passada, segundo Koselleck, tem uma espacialidade própria e comporta em seu interior um aglomerado que forma um todo onde “muitos estratos de tempos anteriores estão simultaneamente presentes, sem que haja referência a um antes e um depois”,14 mas também é referência de uma realidade empírica de ações e eventos que estão no passado, e são mostras de vários níveis de percepção e interpretação subjetiva dos eventos.15 A experiência “é indestrutível, mesmo que se encontre reduzida às sobrevivências e às clandestinidades de simples lampejos na noite”,16 e é essa experiência que 9 KOSELLECK, op. cit. 10 PIMENTA, João Paulo. O Livro do Tempo: ma história social. São Paulo, Edições 70, 2021. p. 22-23. 11 Ibidem, p. 23. 12 KOSELLECK, op. cit., p. 312. 13 DIDI-HUBERMAN, op. cit., 2012, p. 213. 14 KOSELLECK, op. cit., p. 311. 15 LEONHARD, Jörn. Language, Experience and Translation: Towards a Comparative Dimension. In: FERNÁNDEZ SEBASTIÁN, Javier (org.). Political Concepts and Time. New Approaches to Conceptual History. Cantabria: Cantabria University Press, 2011. p. 248. 16 DIDI-HUBERMAN, George. Sobrevivência dos Vaga-Lumes. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 148.
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