273 Experimentos laboratoriais: tempo, espaço, estrutura e agência em um estudo sobre os correios do Brasil Thomáz Fortunato Em 2014, o filósofo Paulo Arantes descreveu um processo que parece bastante familiar atualmente: à medida que “o globo encolhe” e “os horizontes temporais se reduzem a um ponto em que só existe o presente”, o Novo Tempo do Mundo se constitui como “um estado de perpétua emergência”.1 Experimentado por muitas sociedades, esse fenômeno temporal guarda importantes relações com uma espacialidade construída junto à expansão da economia-mundo capitalista e ao sistema-mundo moderno. Tal diagnóstico do mundo contemporâneo serve de ponto de partida para apresentar vínculos entre leituras realizadas no Lab-Mundi e os temas, métodos, teorias e questões que moldaram uma pesquisa de mestrado dedicada a analisar a formação da rede de correios no Brasil entre 1796 e 1829. A investigação se dedicou a avaliar a dimensão geográfica de uma moderna experiência do tempo e concluiu que os correios foram capazes de promover uma aceleração das comunicações por meio de encurtamentos do espaço.2 Como as leituras e debates realizados no laboratório contribuíram para a construção deste objeto? Comunicações postais e tempos sociais: Bloch, Braudel, Koselleck e Rosa Construir uma rede postal nos domínios portugueses da América no final do século XVIII envolveu diversos agentes metropolitanos e luso-americanos, vários espaços marítimos e terrestres, bem como múltiplos tempos da natureza e da sociedade. Os anos finais do Setecentos apresentavam diferentes 1 ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo. São Paulo: Boitempo, 2014. p. 75; 77; 97, grifos no original. 2 FORTUNATO, Thomáz. Topologias do tempo: a formação da rede de correios no Brasil (1796-1829). 2023. 488 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023. DOI: https://doi.org/10.29327/5450727.1-24
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