288 A contribuição da leitura da obra “Ideias em Confronto. Embates pelo poder na Independência do Brasil (1808-1825)” para a diferenciação entre evento e processo histórico na Independência do Brasil complexa se levarmos em consideração a presença de diversos grupos disputando politicamente a organização do Estado formas dele participar. A cidadania política caberia a quem? Portugueses seriam incluídos ou excluídos? Esses eram alguns dos problemas em aberto. A autora aponta para a necessidade de investigar diferenças e aproximações, procurar quem eram os protagonistas, mas não olhar apenas para eles pois novos grupos estavam presentes nas disputas. As ligações entre política e os mundos dos negócios se relacionando também aparece como pareceu contribuições que escapam de obviedades e indicam estratégias de análises muito promissoras e que podem ser, em alguma medida, aplicadas para a Confederação do Equador quando busco ampliar a perspectiva temporal para antes de 1824, passando por relações estabelecidas em 1817 e por vezes antes, mas também pelas experiências políticas do Vintismo e das Juntas Provinciais, além da crise que levou a ruptura com Portugal procuro assim desenvolver uma perspectiva de processo que – tal como a Independência apresentada no texto, não era um projeto a ser perseguido desde sempre e que se constituiu nos movimentos de diferentes agentes, grupos e na expressão de múltiplos interesses. Podemos considerar que uma das lições significativas da obra é que o que se faz com o evento depois também é relevante considerando a existência de disputas envolvendo jogos de esquecimentos e reafirmações entre diversos grupos envolvidos. Como lidar com as fontes de época e as memórias produzidas sobre aquele momento é uma preocupação explicitada pela autora e que cabe perfeitamente em nossa pesquisa. As propostas de interpretação mobilizando produções recentes e inovadoras também apontam direções importantes pois existem trabalhos que colaboram como novos problemas para interrogar ‘ações e palavras’ daquelas gerações de políticos. A escolha de analisar os embates pelo poder não se restringe a 1822 e a busca das transformações recua até o século XVIII, mobilizando uma cronologia mais ampla que permite perceber transformações que surgem sem que exista uma intencionalidade de Independência, em outras palavras, diversas foram as modificações e necessidade de adequações e perceber isso não deve ficar submetido a um evento, a uma data. Os espaços nos quais se desenvolveram múltiplas experiências políticas são bastante relevantes para apreender disputas, alianças e relações materiais e econômicas presentes nos questionamentos do texto da professora Cecília e os apontamentos dos colegas dos seminários, indicam para a necessidade de ampliar o olhar para essas disputas. Dessa maneira, se pensarmos exclusivamente em 1822, ou no 7 de setembro, não é possível compreender o processo em suas multiplicas camadas de significados constantemente modificados dependendo das abordagens estabelecidas para compreender as disputas e construções de poder. Essa perspectiva é
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