Sistemas, tempos e espacos: o Lab-Mundi em dez anos de fazer historiográfico

289 Vinícius Carneiro de Albuquerque uma escolha metodológica que pode ser aplicada em diversas pesquisas para o período buscando compreender os sentidos das adesões políticas que não estavam fixadas em um passado longínquo. Apreender como as identificações dos agentes e grupos eram bastante incertas no que concerne a construções políticas gerais tais como a adesão a uma monarquia liberal e, portanto, constitucional mostra-se importante também. A vinculação a um projeto não eliminava as disputas e tensões que eram manifestadas em diferentes escalas. A experiência política estava presente nos municípios, regiões, províncias e mesmo entre o Norte e o Sul do Império que se constituía a partir de 1822. Em poucas palavras, é fundamental procurar a construção das ações políticas em diferentes espaços historicizando as relações políticas e econômicas escapando da armadilha do evento como uma totalidade explicativa. Procuramos assim evitar a todo instante uma apresentação teleológica. A complexidade está nos movimentos e disputas e não em um momento de ruptura. Trata-se, assim, de um processo revolucionário amplo que toca, inclusive, na formação da autoridade do imperador. Isso não significa dizer que o Rio de Janeiro ou d. Pedro não tiveram importância, mas que muitos outros elementos precisam ser mobilizados tais como grupos provinciais apoiando o D. Pedro I ou nos momentos mais críticos, contestado sua autoridade. Essas perguntas permitem procurar como se dava a circulação via ligações terrestres e marítimas, por exemplo. Procuram também melhor analisar quais grupos se manifestavam e o que pretendiam. A Revolução de 1820 impôs novas circunstâncias, o Vintismo e o período das Juntas foram momentos de transformações em que ocorreram novos arranjos e alianças. Esses processos tinham qual escala? Como isso se dava em relação ao Rio de Janeiro e das outras províncias? Dessa maneira cabe perguntar como como diferentes interesses se articulavam com a construção do poder de d. Pedro no Rio de Janeiro Não se trata de reconhecer um fio condutor do processo, mas sim de perceber a complexidade do mesmo quase duzentos anos depois. Considerando que os enfrentamentos se deram por armas e com palavras o entendimento de que as disputas pelas significações dependiam de quem as utilizava é fundamental pois isso relacionava-se com as finalidades dos interlocutores. A afirmação da complexidade dos processos pode parecer uma simples obviedade, mas ganha importância na busca de outros sentidos que uma vinculação simplista entre a Independência e a proclamação do 7 de setembro poderiam esconder. Somente operando essa separação é que se torna possível observar a presença de diferentes projetos, reconstituir concepções diversas e potencialmente conflitivas constantemente rearticuladas nos debates e ações políticas no Brasil e em Portugal. Tal afirmação precisa ser ressaltada para que as pressões políticas e as diferentes decisões adotadas naquele processo repleto de complexidades relacionadas à percepção de tempo distintas

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