69 Alexandre Moreli minadas por trocas e compromissos concretos, e não por abstrações.26 Em tal contexto, não seria possível haver uma transição de mundos para um futuro totalmente novo, como lembraria Koselleck. De fato, poucos meses antes da decisão de Roosevelt, os militares já tinham contatado Harry Hopkins, Assistente Especial do Presidente e um dos mais importantes oficiais envolvidos nos dossiês de planejamento envolvendo a aviação civil, com um memorando nos seguintes termos: O emprego da frota aérea assemelhar-se-á em muito ao emprego, ao longo dos últimos três séculos, da Marinha Britânica e da Marinha Mercante. Como não há justificativa econômica para uma marinha sem comércio marítimo a ser protegido, será essencial uma força aérea integrada às relações de comércio passando pelos ares. Será extremamente difícil encontrar outros recursos comparáveis à esmagadora vantagem do controle dos meios de comunicação rápidos como o do comércio passando pelos ares.27 Em tal futuro, apesar de as vias aéreas serem imaginadas como recebendo a totalidade das rotas comerciais globais, certas lógicas estratégicas permaneciam as mesmas. Ainda em tal contexto de reflexão, o mesmo Hopkins, ao criticar a ideia de um controle único por parte da Pan American Airways das rotas internacionais americanas (uma realidade durante a guerra), ressaltaria a eficiência e eficácia de várias outras companhias aéreas dos EUA, como a TWA, a United Airlines e a Amex. Para ele, todas elas tinham um enorme potencial para vencer a futura concorrência global contra qualquer outra companhia aérea nacional.28 Embora Roosevelt tenha lançado o planejamento de pós-guerra para a aviação militar em dezembro de 1942, a procura de uma política para a aviação civil tinha começado já no início daquele ano. Ao nomear Lloyd Welch Pogue como presidente do Conselho de Aeronáutica Civil (CAC) em janeiro, o presidente lançara a entidade em tal busca. Como uma de suas primeiras conclusões ainda em 1942, o CAC chegou a um entendimento positivo em relação à importância da abertura dos céus para trânsito e pousos técnicos. Em um contexto de evolução acelerada e face ao receio explícito de que os britânicos pudessem avançar mais rapidamente nas suas reflexões sobre a aviação do 26 GARDNER, L. FDR and the “Colonial Question”. In: WOOLNER, D.; KIMBALL, W.; REYNOLDS, D. (org.). FDR’s world: war, peace, and legacies. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2008. p. 191-192. 27 FDRPL. Harry Hopkins Papers. Group 24, container 125. Memorandum de 28/7/42, do Coronel Schulgen. 28 DOBSON, A. FDR and Civil Aviation: Flying Strong, Flying Free. Nova Iorque: Palgrave, 2011. p.148-153.
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