109 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde cada vez mais, essa ideia técnico-científica de suposto saber que a Psicologia, enquanto profissão, ocupa dentro do processo clínico. Afinal, não somos todos corpos em passagem pela artesania que é viver e tecer linhas nessa teia coletivo-afetiva da experimentação de si no mundo? (Detoni, 2009). Construa um tablado de madeira. Coloque-o no tempo e deixe-o viver sua vida por 20 anos. Veja o que lhe aconteceu, o que passou por ele e o marcou, o que o arruinou, afundou e onde pode ainda sobreviver apesar das catástrofes ao seu redor, tão vizinhas que se fazem nele próprio. O que pode um plano senão desenvolver os efeitos de seus encontros? Talvez possa ver que algo, na catástrofe, algo após a explosão, ainda resiste e sobrevive. O que pode essa sobrevida? O que fará acontecer ainda no mesmo plano? O que passará ainda para fazê-la surgir em sua humilde gagueira, em sua insistente fragilidade teimosa que reluta em viver. A vida possui mais volteios do que nossos próprios sonhos (Fonseca, 2018). REFERÊNCIAS CASSIANO, Marcella; FURLAN, Reinaldo. O processo de subjetivação segundo a esquizoanálise. Psicologia & Sociedade, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 373-378, 2013. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995a. v. 1. 94 p. (Coleção TRANS). DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995b. v. 2. 96 p. (Coleção TRANS). DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998. 184 p. DETONI, Maria Célia. Artesania clínica: questões para uma prática da multiplicidade. Porto Alegre: Marcavisual, 2009.
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