A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

12 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde uma das questões mais presentes durante o primeiro semestre de 2024: a provisoriedade. Sabemos da inconstância e da impermanência como uma condição da vida, mas habitar a provisoriedade nos faz sentir os dias como em suspensão. Mesmo assim, não tínhamos como permanecer em compasso de espera, a vida não para e o serviço precisava retomar seus atendimentos, acolher novos estagiários(as) e usuários(as), retomar as supervisões, os grupos, as reuniões, abrir-se aos movimentos de um semestre que não percebeu que estávamos em um outro lugar. Foi um período intenso de ressignificações e até mesmo de vários questionamentos acerca dos desafios que estavam postos. Como planejar um serviço frente as instabilidades que um período provisório impõe? Muitas reuniões foram feitas entre a equipe para que pudéssemos gerir da melhor forma o certo vazio que essa transição poderia causar. Com o passar do tempo, nos aproximamos do fato de que não existe a possibilidade de sair ileso a um percurso de mudança, e que existia ali algo permanente que dizia de um processo de elaboração mais demorado do que esperávamos. Todos nós fomos impactados pela sensação de descontinuidade que a imposição de uma adaptação nos colocava. O que era conhecido abriu espaço para a necessidade de se construir novos fluxos e uma dinâmica que pudesse funcionar minimamente. Os desafios que já eram imaginados e pensados anteriormente passaram a se tornar reais. Vimos uma expressiva perda de público, considerando o trajeto mais longo e de maiores custos à população, mas também, nos vimos frente a um novo território que também precisava do nosso cuidado. Frente a isto, nosso novo PAAS precisou repensar-se mais uma vez. Seguimos alguns meses, e o mês de maio toma conta de toda e qualquer urgência que poderíamos ter pensado ou previsto. O Estado do Rio Grande do Sul é então atingido pelas enchentes e junto com ela vemos uma corrente de solidariedade e uma nova reorganização a ser pensada. Alguns estagiários atingidos, muitos usuários direta e indiretamente sofrendo com suas perdas e de seus familiares, a Unisinos se torna abrigo de mais de mil pessoas e todos os cuidados do campus se voltam a acolher as pessoas atingidas. Mergulhados nas águas de maio, nos vimos reorganizando as prioridades, as rotinas, os limites, o cuidado; todos ansiosos na expectativa e no sopro de esperança de que tudo aquilo que estava acontecendo acabaria rapidamente. É como se a própria noção de tempo tivesse se modificado. As enchentes duraram quantos dias? Quantos meses? Questionar o término de fato dessa ca-

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