130 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde cessidade de trabalhar em equipes interdisciplinares com perspectivas transdisciplinares, a noção de território como território vivo, aprender como atuar com promoção em saúde ao invés de, somente, atenção à doença. Um outro desafio importante se coloca na necessidade de orientar a formação para que a atenção dos usuários do SUS seja pautada num dos seus princípios doutrinários: integralidade no cuidado. De acordo comMattos (2004) atuar sob a égide da integralidade: [...] significa incluir no seu cotidiano de trabalho rotinas ou processos de busca sistemática daquelas necessidades mais silenciosas, posto que menos vinculadas à experiência individual do sofrimento. Para os serviços, isso significa criar dispositivos e adotar processos coletivos de trabalho que permitam oferecer, para além das ações demandadas pela própria população a partir de experiências individuais de sofrimento, ações voltadas para a prevenção (p. 1413). Ainda, segundo o autor, os projetos terapêuticos não podem ser “produto da simples aplicação dos conhecimentos sobre a doença. Na perspectiva da integralidade, eles emergem do diálogo (e porque não falar, da negociação) entre profissionais de saúde e os usuários dos serviços de saúde” (Mattos, 2004, p. 1415). Nesse sentido, compreende-se também a necessidade de olhar para o território, para as culturas locais, os hábitos dos sujeitos em um determinado lugar, territórios de existências. “A característica chave para a existência desse diálogo é a capacidade de compreender o contexto específico dos diferentes encontros” (Mattos, 2004, p. 1415). Apesar de carregar nos nomes dos programas o conceito “multidisciplinar”, o que esperamos e buscamos na formação das(dos) residentes é atingir aptidões e qualidades para o trabalho em equipes multidisciplinares, mas com foco na prática interdisciplinar e transdisciplinar. De acordo com Sommerman (2005): A hiperespecialização fez com que o aprofundamento de cada disciplina as conduzisse às fronteiras de outras disciplinas, suscitando uma interdisciplinaridade que ou criou novas disciplinas ou transferiu métodos de uma disciplina para outra, ou abriu corredores para o diálogo entre elas e para a resolução de problemas. Esse diálogo possibilitou a troca de conteúdos disciplinares
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