131 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde que, como observou Ivani Fazenda (2003), é tanto mais facilitada quanto mais o ambiente (núcleo, centro, instituto, projeto) favorecer as trocas intersubjetivas dos diferentes especialistas disciplinares envolvidos (p. 7). Dessa forma, busca-se a real integração entre as diferentes especialidades que compõem as(os) residentes em formação, promovendo trocas de saberes e práticas no cotidiano dos serviços, na elaboração dos projetos terapêuticos singulares e na resolução de problemas. Segundo Sommerman (2005, p. 1) a atitude transdisciplinar não só se abre para o diálogo entre as diferentes disciplinas e para a intersubjetividade, mas também para o diálogo com o que está além das disciplinas, os conhecimentos não disciplinares dos atores sociais [...], das outras culturas, das artes, das tradições, respeitando plenamente esses outros saberes. Desta forma, para o trabalho em saúde faz-se necessário a abertura e trocas de saberes não somente entre os diferentes profissionais nos campos de prática, mas também estar aberto para apreender com os saberes dos usuários, dos seus familiares dos diferentes agentes do território, as crianças, os idosos, os líderes comunitários, as diferentes espiritualidades ali presentes, tendo o conceito de território vivo como campo e orientador das práticas em saúde. Nesse sentido, a formação em residência em saúde tem como principais desafios na formação para um cuidado em saúde não somente curativo e que supere os modelos biomédicos a incorporação desses conceitos de forma interseccionada: a integralidade dos sujeitos como diretriz do trabalho em saúde e, por conseguinte, o trabalho em equipes multidisciplinares com foco na interdisciplinaridade e atitude transdisciplinar. Outros desafios também se colocam referentes às condições adequadas de formação do ensino em serviço, tais como: redução da carga horária dos residentes de 60h para 44h semanais, tendo em vista uma formação crítica e reflexiva; fortalecimento da gestão democrática dos serviços de saúde, que são cenários de práticas, superando relações hierárquicas; oferta de cenários de prática que tenham composição adequada de equipes, tendo em vista superar a atuação do residente voltada a suprir a defasagem do quadro de trabalhadores; reconhecimento da
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz