144 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde por diversas formas de entrada e escutá-los, sem perder, de certa forma, uma amplitude à qual o serviço se presta. E tentar entender o que efetivamente ele busca no serviço e se o serviço é compatível com essa busca. Então, assim, é de alguma maneira uma mudança tão constante. Tão presente, tão intensa e tão frequente que eu diria que, por mais que a gente tente estabilizar o acolhimento, que eu acho que a gente faz esse movimento de tentativa de estabilização, ele é, na sua natureza, uma mudança constante. E eu acho que a gente precisa talvez aceitar essa ambiguidade do acolhimento, porque a gente está sempre brigando com acolhimento, não é? Quem não está no acolhimento briga, porque o acolhimento não é suficientemente competente para preencher as vagas ou não sei para quê. E a gente que está dentro está constantemente angustiado porque não dá conta daquilo que supõe que tem que dar, quando na verdade nunca vai dar. Então eu acho que o acolhimento é a mudança presente o tempo todo. Talvez seja isso que o acolhimento me instiga. É essa coisa de um convívio, de unha e carne com a mudança e talvez isso seja muito desafiador. Porque na natureza da gente procura uma certa estabilidade, essa paz que nunca chega e que nunca vai existir, não é? Então acho que isso, a mudança e o acolhimento para mim estão muito juntos. Acho que é uma coisa meio perene, acolhimento e mudança. Entrevistador PAAS: Que feliz associação, extremamente interessante te ouvir falar sobre isso. Pelos desafios que a gente foi enfrentando aí em vários momentos, até recentemente, de poder repensar a dinâmica do próprio acolhimento. E isso que tu falas me faz lembrar de tantas coisas ao longo do percurso, de que os desafios são constantes. Frequentemente a gente precisa repensar esse lugar e até o que é acolher. A gente se questiona tanto sobre isso aqui no serviço, então faz total sentido pensar a mudança a partir do acolhimento, com certeza.
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