A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

146 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde acho que eu lembro muito dos primeiros impactos que o serviço causou em mim, e eu acho que eu repito isso nas minhas supervisões, repetia até hoje, que eu lembro de mim chegando no PAAS, então era PIPAS ainda, em seguida passou a deixar de ser PIPAS para ser outros nomes até chegar ao PAAS. Mas era aquela coisa, de passar segunda-feira de tarde perdida, porque eu nunca sabia o que ia acontecer na segunda-feira de tarde. Então tinha núcleo de adulto, tinha não sei o quê, se chamava alguém para apresentar alguma coisa, mas eu era muito perdida. E eu brinco sempre com isso, que os estagiários também se perdem no começo, porque a gente tem uma oferta de atividades muito grande e até acomodar isso em uma segunda-feira, a gente leva tempo, mas eu acho que não é uma coisa do dia da semana, nem da cronologia da segunda-feira. É como que a gente também se integra a essa multiplicidade de possibilidades que existem aqui. Eu lembro de que a minha sensação era de sair de gavetas assim, não é? De que eu tinha medo, talvez de que as coisas se misturassem de um jeito mais engavetado que vinha, acho que de uma formação mais compartimentalizada, assim. Então a questão da saúde coletiva, a questão de ir para os territórios, a questão de não me preocupar de que as coisas se misturassem. Parece assim, é literal. Isso a sensação de que houvesse uma formação em que as coisas poderiam fluir entre elas sem que houvesse uma mistura aonde eu fosse me perder. Mas, existia essa fantasia no início assim. Isso mobiliza muito a gente, porque eu acho que hoje muito menos do que naquela época, né? Mas a formação tinha uma tentativa, uma prerrogativa de resguardo de nichos, e o PAAS foi fazendo com que eu fosse dissolvendo isso e começando a transitar muito mais livremente entre o conhecimento com pessoas de diferentes áreas, podendo habitar lugares que eu nunca nem imaginei num determinado momento. Isso é muito gratificante, é muito prazeroso. Isso faz a gente se transformar, é muito bom. E acho que faz a gente crescer, faz a gente se enxergar e poder viver de outra forma, e saber que a gente nunca está pronto, de que a gente nunca tem afirmações tão seguras para fazer, que pelo contrário, poder “não saber” as coisas, é confortável, porque daí a gente vai em busca, a gente

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