21 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde coterapeuta durante todo esse período e, após, recebe alta ou é encaminhado para um novo estagiário. Tais pacientes que são encaminhados de um psicopsicoterapeuta para o outro são chamados de “pacientes de passagem” e, junto deles, podem aparecer diferentes afetos. A experiência da mudança na prática do cuidado em saúde Ao integrar um serviço escola, tratando-se aqui do Programa de Atenção Ampliada à Saúde (PAAS), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), experimentações se tornam possíveis ao estagiário de Psicologia, principalmente no que se refere à integração entre a teoria e a prática. A nossa se deu a partir do estágio profissional em psicologia, em que a possibilidade de realizarmos atendimentos individuais concomitantemente a supervisões de casos clínicos, com a escrita de atendimentos dialogados e a realização de seminários teóricos, nos aproximou de processos voltados ao aprendizado e à vivência psi na dimensão de um campo de formação, fomentando reflexões e movimentos de mudança no modo de exercer a prática. A partir dos movimentos históricos e significativos ocorridos no serviço-escola em 2024, nos colocamos, enquanto grupo, a perspectivar o fenômeno da mudança dentro dos processos que vivenciamos durante o período de estágio. Dentre eles, as relações com os pacientes se mostram como um dos grandes mobilizadores no espaço de supervisão dentro da abordagem psicanalítica. Além da escuta em livre associação, o manejo e a interpretação da transferência e da contratransferência são as ferramentas utilizadas para orientarmos o nosso trabalho. Colocar-se enquanto psicopsicoterapeuta é um dos momentos mais desejados pelos estudantes de Psicologia, mas também pode ser visto como um lugar repleto de inseguranças. O início do fazer clínico movimenta em nós grandes dúvidas quanto ao que aprendemos até então na graduação e do que somos capazes, uma vez que a psicoterapia, dentro de um serviço-escola, não funciona apenas como uma oferta de serviço aos pacientes, mas é também o local de aprendizagem destes psicoterapeutas. Diante do anseio por essa experiência nova que está inscrita no currículo dos estudantes, pode surgir a vontade de não querer errar, ou seja, a ambição de acertar todas as intervenções e interpretações mesmo estando no início de uma prática nunca realizada antes. Por vezes, o aprendiz-psicoterapeuta concentra-se apenas nesse fragmento do processo e acaba por demonstrar ao paciente uma postura de distanciamento, de rigidez e de excessiva formalidade, temendo
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