36 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde de uma mulher branca por conta de sua localização social [...]” (Ribeiro, 2017, p. 61) Ela ainda diz que “[...] pessoas negras vão experimentar racismo do lugar de fala de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por conta desse sistema de opressão. Pessoas brancas vão experienciar do lugar de quem se beneficia dessa mesma opressão.” (Ribeiro, 2017, p. 86). Eu, sou uma mulher preta e velha, em meio a uma enormidade de brancos jovens. Tive que me a ver com essa realidade, e logo senti na pele, minha pele preta, o peso da desigualdade. Muitos pretos sequer chegam à universidade por não terem condições econômicas; e quando chegam através do financiamento, ENEM, ProUni ou cotas, ainda tem que aprender a driblar outros obstáculos que os ferem e os desafiam. Para Almeida, “[...] no Brasil a universidade não é apenas um local de formação técnica e científica para o trabalho, mas um espaço de privilégio e destaque social – um lugar que, no imaginário social produzido pelo racismo, foi feito para pessoas brancas” (Almeida, 2019, p.101). Entende agora? Se eu falar de mudanças, será uma narrativa atravessada pelo racismo; porque é este lugar que ocupo no mundo, se abordar qualquer outro assunto, de igual forma. Porque aqui estou eu, um sapo, vivendo diversas experiências em um corpo de sapo, e onde quer que eu vá, as pessoas me veem de longe e já sabem: — Lá vem um sapo. Eu amo ser sapo, e é por isso, que escrevo essa narrativa a partir de quem sou, do meu lugar de fala, como sapo. Para Kilomba, “Escrever, portanto, emerge como um ato político” (Kilomba, 2019, p. 28). “Político, porque não uso a escrita apenas para expressar minhas ideias, nem apenas para contar a história das minhas experiências pessoais, mas como resistência contra os abusos e as opressões que muitas vezes nos silenciam” (Sant’anna, 2024, p. 5). Essas experiências que atravessam nossa trajetória, com desafios e superações, nos preparam para lidar com o inesperado e assumir um papel ativo, de protagonismo em nosso aprendizado. No processo de aprender, o inesperado surge e com ele, o protagonismo Fui transformada de diversas maneiras, e as experiências que vivi bateram em mim. Não se trata apenas de adquirir vasto conhecimento ou de não se sentir parado na vida, mas sim de experimentar
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