A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

40 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde É na falta que descobrimos a força, a adaptação e resistência. Parece contraditório? Deixe-me explicar melhor. À medida que nos apropriamos da prática, a supervisão local se torna um espaço de escuta, onde podemos relatar nossos anseios, medos e inseguranças, e aprender uns com os outros. Dessa forma, descobrimos o conhecimento que estava oculto em meio a nossa inexperiência. Na supervisão acadêmica, ao compartilhar com os colegas, percebemos que essa mesma vulnerabilidade é compartilhada por todos a respeito de suas ações, em seus locais de estágio. O que nos ajuda a perceber que esse processo é parte do aprendizado. A “ficha cai” quando começamos a compreender que “os momentos de supervisão são indispensáveis para a continuidade e bom andamento de todo e qualquer processo de escuta” (Fagundes et al., 2022, p. 41). É uma tomada de consciência gradual e apropriação do espaço como profissionais e, à medida que desvendamos o saber através das discussões, leituras de textos, teorias, artigos, seminários, compartilhamentos das dialogadas e análise de casos, vamos recebendo direcionamentos e percebendo que estamos aprendendo com a experiência do outro e na prática com o outro. A descoberta do grupo enquanto terapêutico Na coordenação do grupo de mulheres, em meu estágio profissional no PAAS - Programa de Atenção Ampliada à Saúde, o serviço-escola da Unisinos, uma chave, literalmente virou dentro de mim. A grande questão que me perseguia era: o que é mais potente, o atendimento individual ou em grupo? Ao longo da graduação, estudamos diversos tipos de grupos e seus diferentes propósitos, mas vimos pouco a respeito de grupos terapêuticos. Qual é a melhor indicação para o paciente? Regina Benevides de Barros, em seu livro intitulado: “A Afirmação de um Simulacro”, vai dizer que “é conhecido o estigma de que trabalho com grupos, psicoterapia de/em/com/pelo/grupo é superficial” (Barros, 2007, p. 295). “[...] o que frequentemente é dito, porque habita o imaginário social, é que grupo é mais superficial do que terapia individual. Há mesmo quem diga que em grupo não há análise possível” (Barros, 2007, p. 295). No entanto, se Benevides não se propôs a provar “o quão profundo pode ser o grupo em oposição à superficialidade que lhe é atribuída”, eu também não o farei. O que aprecio e faço questão de

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz