41 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde destacar, em sua abordagem, utilizando letras garrafais, como já dizia Lúcia Helena Cavalcante, minha professora de matemática do ensino fundamental, é quando ela afirma que “o trabalho com grupos se dá na superfície, porque está aberto às conexões, porque se põe como catalizador poético-existencial de devires que insistem em se expressar.” (Barros, 2007, p. 297-298). Em outras palavras, o trabalho com grupo não é superficial; ele se faz na superfície. Percebe o trocadilho genial de Benevides? Entenda-se superfície como espaço vasto e aberto a conexões, onde o desejo e a expressão do integrante do grupo possam surgir e se conectar livremente, permitindo os devires, sem a necessidade de buscar uma profundidade como um “tesouro perdido”. Como há movimento e expressão do desejo, que se manifesta e se conecta nessa interação (Barros, 2007). A união do conceito de psicoterapia à prática de grupos sempre me pareceu um desafio. Embora esses conceitos na prática possam caminhar lado a lado, eu costumava vê-los separados, cada um com seu lugar distinto no tratamento. Aqui, posso até estar sendo drástica demais e até considero, que pode ter sido uma falha na minha concepção, pois talvez muitos de meus colegas já compreendessem que nesse caso, psicoterapia e grupo não são tão opostos assim. E, quando chega um paciente com suas demandas, tanto o atendimento individual quanto o grupal podem ser potentes. Mas será que pensamos realmente assim? Ou, imaginamos que o atendimento individual é a primeira opção e que o grupo é apenas uma alternativa quando o caso “não é tão sério” ou quando “não há tantos traumas assim”? Te peguei, né? Muitos de nós têm dificuldade em creditar a psicoterapia em grupo a potência transformadora no tratamento. No entanto, posso te dizer com imensa alegria: Minha visão mudou completamente quando tive a oportunidade de vivenciar o grupo na prática e hoje faço parte dos que acreditam no processo grupal terapêutico. Sobre isso quero falar mais para frente. Com o entendimento da importância do trabalho em grupo, é relevante explorar a comparação entre a psicoterapia individual e grupal, destacando suas respectivas potências e limites. Que psicoterapia é essa? Individual vs. Grupal “A análise termina quando analista e paciente não mais se encontram para a sessão do trabalho analítico” (Freud, 2018, p. 61). Gos-
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