A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

43 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde Dunker expande a ideia de que a escuta é uma prática que transcende a percepção auditiva; ou seja, não basta apenas escutar, é necessário ter uma escuta ativa, abrindo espaço para a elaboração e o processo de mudança. Essa escuta é fundamental não apenas para o âmbito individual, mas também em contextos coletivos, como nos grupos terapêuticos. Nesse sentido, Regina Benevides propõe o grupo com objetivo terapêutico, sendo definido como um “devir-grupo, e não ser-do-grupo”, que não possui uma existência fixa ou imutável; ele é resultado de diferentes dinâmicas que operam fluxos, criando agenciamentos mais flexíveis, permitindo que processos de mudança ocorram (Barros, 2007, p. 294). Para a autora, o grupo, não é apenas uma reunião ou aglomerado de pessoas, mas um espaço de produção e experimentação, onde há a possibilidade de superação das estruturas de poder e as formas tradicionais. A autora ainda traz o conceito de “grupo-entre”, situando o grupo como uma realidade intermediária, conectando forças e virtualidades institucionais e existenciais. “Se tomamos o grupo pelo meio, a lógica é outra, a máquina que se põe a funcionar é outra. No meio não mais encontramos unidades, mas devires” (Barros, 2007, p. 292). Percebe-se que tanto Dunker quanto Benevides propõem uma desconstrução na escuta e na formação do grupo, trazendo a possibilidade de um espaço dinâmico que provoca mudanças. Na visão de Dunker, essas mudanças ocorrem no indivíduo (paciente-terapeuta), enquanto na visão de Benevides, elas ocorrem no devir coletivo do grupo. Encontrando esse espaço que provoca mudanças tanto individualmente quanto em grupo, vemos o processo contínuo de transformação por si só. Foi esse processo de transformação que me levou a compreender o meu papel no serviço-escola PAAS, através do grupo de mulheres. Que serviço-escola é esse? Como assim grupo de mulheres? Segundo a Prefeitura de São Leopoldo, o Município de São Leopoldo conta com Rede Municipal de Saúde: Centro Vigilância em Saúde, Rede de Atenção Psicossocial – RAPS – Atenção Especializada em Saúde Mental, CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, Centros de Saúde, Unidade Básica de Saúde, Estratégia Saúde da Família (São Leopoldo, 2024). Eu acrescentaria à lista o PAAS – (Programa de Atenção

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