45 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde po, ela encontrou não apenas apoio e espaço, mas a possibilidade para afirmar sua própria voz e ressignificar suas escolhas. Com todas as mudanças que enfrentamos no serviço-escola, primeiramente a mudança de local, a saída do prédio histórico para o Campus da Unisinos, prédio E011 no 4º andar, seguida por um período de afastamento compulsório devido às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Passamos por mais uma transição, do prédio E011 para o atual espaço no Campus da Unisinos, onde é a sede oficial do PAAS, no prédio B09, sala 109. Durante esse processo, perdemos muitos pacientes, incluindo quase todo o grupo de mulheres, com exceção de uma. Esta paciente foi quem, após tantas mudanças, permaneceu firme e foi a única a continuar. Em um dos encontros, ela me perguntou: – “Vocês não vão acabar com o grupo, né?” Para reestruturar o grupo, realizamos um acolhimento especial, integrando novas participantes e mantendo o trabalho em andamento. Sem dúvida, o argumento de que o atendimento individual pode ser mais efetivo do que o encontro grupal é descabido. Talvez a pergunta ideal aqui seria: As pessoas reconhecem o valor terapêutico do grupo e as mudanças que ele pode gerar? Seria interessante discorrer sobre esse tema. “Pensar a grupalidade como um dispositivo de experimentação do comum tem sido um exercício de reconhecimento da capacidade dos grupos de fazer irromper, tensionar, deslocar aquilo que se encontra bloqueado, cristalizado, sintomático” (Ferreira, 2015, p. 19). Sugere a autora que o grupo é capaz de desafiar e modificar padrões. Considerações finais Por fim, ao refletir sobre todas essas experiências, percebo que a mudança, seja ela pessoal, acadêmica ou profissional, é um processo contínuo que nos redefine a cada passo. Assim como bom e velho sapo, enfrentando suas batalhas para se adaptar e viver em mundo que muitas vezes não o acolhe, minhas vivências me mostram os diversos desafios e a possibilidade de ressignificar. Embora eu tenha feito uma narrativa a partir do que experienciei, não posso, em hipótese alguma, atribuir a esses acontecimentos uma única interpretação que capture toda a complexidade da realidade que vivi. Como Bondía ressalta, “o saber de experiência se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana. De fato, a experiência é uma espécie de mediação entre am-
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