A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

46 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde bos.” (Bondía, 2002 p. 19-20). Isso mostra que a multiplicidade e a diversidade, inerentes na experiência – ou como prefiro chamar, ao estado de vida – caminham lado a lado, oferecendo perspectivas que não podem ser reduzidas a uma única interpretação. Fui movida para fora da nossa zona de conforto, sai da segurança do meu habitat para explorar novos terrenos. Como um bom e velho sapo, o desconforto também me ofereceu uma oportunidade de enxergar as coisas sob uma nova perspectiva, redirecionando ângulos que antes talvez permanecessem rígidos sob apenas um ponto de vista. É impossível não ser afetada de alguma forma pela experiência que tive nesses anos. Me apaixonei profundamente pela psicoterapia grupal e a isso, devo ao amor pelo grupo de mulheres. Nesse processo de mudanças foi necessário, sim, falar sobre o que aprendi e o que me modificou. Foi o que fiz nessas “mal traçadas linhas”, como disse Erasmo Carlos e Renato Russo, na canção “a carta”. Porque tudo o que vivenciei durante esses anos causou uma mudança interna em mim. Eu não sou mais aquela do primeiro semestre de 2020, que iniciou a graduação três semanas antes da pandemia da covid-19. O conhecimento acadêmico molda e enriquece, mas a convivência com o outro transforma ainda mais e enaltece. É necessário estar por inteiro, disposto a aprender e empreender. Posso também dizer que empreendi vida, esforço e muita dedicação para que cada rematrícula durante minha graduação valesse à pena e fizesse jus ao sonho de voltar a estudar após anos fora da vida acadêmica. Deixei marcas por onde passei e fui marcada também. Ouso dizer que entrei “uma” na graduação e saio “outra”; Entrei “aluna” e saio “profissional”; Entrei sem nenhuma ideia do que era ser psicóloga e saio com uma compreensão profunda, e apaixonada sobre ser psicóloga e seu impacto na vida das pessoas (Sant’anna, 2024, p. 9). Entrei pensando só no atendimento individual e saio creditando, de igual forma à potência do atendimento grupal. Assim como um bom e velho sapo, aprendi a mover-me entre desafios e descobertas, saindo da minha zona de conforto e abraçando uma nova visão. Por fim, termino dizendo: falar de um assunto sério não me impede de recorrer ao humor e à ironia. Como afirma Deleuze, “o humor e a ironia são aí inultrapassáveis, operando no fundo da natureza”

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