A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

54 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde usuários? São perguntas que nos inquietavam (e ainda inquietam) pois, no fim das contas, deixamos de ocupar um lugar para lutar por outro(s). Vale lembrar que o serviço desde sempre teve um lugar nebuloso, indefinido, de presença e ausência na rede de saúde pública do município de São Leopoldo, o que retorna a ser pauta a partir dessa mudança. Assim, passamos a revisitar o questionamento de qual o lugar e o fazer do PAAS na comunidade (interna e externa) frente a tais circunstâncias, na qual a mudança impera. Com isso, é evidente que com o reposicionamento no território o público atendido seria outro, tendo em vista que metade dos pacientes antigos não tem recursos ou disponibilidade para se locomover até o campus. Por essa razão, realizamos tentativas de fazer existir e de “repovoar” o serviço. Fizemos, para além das divulgações de datas de cadastro para o acolhimento de novos usuários, movimentos de nos aproximarmos das demais ações sociais situadas também na universidade, a fim de localizarmos demandas que poderíamos atender. Realizamos, por exemplo, um acolhimento de alguns usuários do Programa Pró-Maior e passamos a atendê-los nas 3 áreas de saúde ofertadas no PAAS (enfermagem, nutrição e psicologia). Desse modo, temos, em suma, procurado formas de nos fazer existir dentro dessa nova realidade e contexto, considerando o caráter interdisciplinar dos atendimentos. Tendo em vista essas mudanças de espaço físico, de território e de público atendido, o serviço tem se remanejado constantemente, principalmente em termos de organização, de fluxo e de cronograma. Em outras palavras, muito do que antes era feito de uma determinada forma, a partir da mudança foi sendo repensado, adaptado, mexido. O PAAS, como um todo, parecia estar em desordem, procurando por um novo equilíbrio, em que ninguém sabia ao certo o que viria pela frente ou o que nos tornaríamos. O que de longe não é algo ruim, pois é a partir do estado de desordem que se torna possível o emergir movimentos de transformação que desestabilizam o modo instituído do fazer (Barbara, 2020). Com isso, é evidente que, ao mesmo tempo que desejamos mudanças, também há um luto importante do que se era, do que era conhecido. Vimos isso em todo o serviço, mas sentimos também em nós, quando, por exemplo, manifestamos nossas resistências questionando os novos modos propostos de se fazer algo. Se não pararmos para pensar, acabamos nos prendendo na repetição

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