64 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde A inquietação como começo As calamidades não apenas causam danos materiais, mas principalmente afetam profundamente o desenvolvimento emocional e psicológico, ao exigir mudanças inadiáveis na dinâmica de vida dos afetados. A ideia deste trabalho acadêmico surge da inquietação gerada pela situação trágica vivida nos últimos meses: as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, deixando um rastro de sofrimento e dificuldades que abalaram toda a população. A partir desta situação, a professora da Atividade Acadêmica “Desenvolvimento na Infância e Adolescência” propôs uma abordagem alternativa para explorar e refletir sobre as consequências deste evento trágico na vida das pessoas. Ela lançou o desafio de criarmos um dispositivo artístico (tais como poesia, carta, letra de música etc.) que representasse como este evento traumático afetou, especialmente, o desenvolvimento emocional das crianças e adolescentes. Ainda, a proposta poderia englobar como as enchentes influenciaram nossa forma de pensar a Psicologia e, também, as nossas transformações a partir disso, enquanto estudantes em formação. Optamos pela escrita de poemas e aqui foram reunidas duas produções (uma de cada autora), sendo que estas revelam diversos aspectos emocionais e psicológicos, oferecendo diferentes visões sobre como um evento calamitoso, como o que ocorreu, pode, por um lado, influenciar negativamente o futuro desses jovens pela incapacidade, desamparo, faltas reais e significativas, mas, por outro lado, a possibilidade de recomeçar, quem sabe de um jeito diferente e com perspectivas de melhores condições, o que gera um sentimento de esperança e renovação. Diante disso, este breve artigo visa compartilhar estas produções, destacando o valor das expressões artísticas como ferramentas para abordar o assunto e, de certa forma, ir elaborando as consequências desta catástrofe, bem como as transformações necessárias a partir disso. Sobem as águas, emerge a poesia Há uma frase atribuída a Heráclito de Éfeso, segundo o qual, “nada é permanente, exceto a mudança” (Éfeso apud Souza, s.d.). Tan-
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