A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

72 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde bem como de ações simples, como oferecer e providenciar suprimentos básicos. A metodologia empregada baseou-se nos princípios dos primeiros cuidados psicológicos e apoio psicossocial em emergências e desastres (OMS, 2015; Noal, 2017), priorizando a escuta das angústias das vítimas e o acolhimento em um momento de crise. As intervenções das estagiárias mostraram-se promissoras para além do campo acadêmico no campo da Psicologia, revelando-se como uma experiência de cuidado coletivo através da interlocução de saberes e práticas. As iniciativas das estudantes voltadas aos cuidados básicos, tais como oferecer água e alimentos, buscar por vestimentas e itens de higiene, encaminhar documentações e óculos levados pelas águas, mostraram-se ações simples, mas extremamente cruciais aos atingidos. Além disso, a experiência apontou para a eficácia da escuta e acolhimento em um contexto emergencial, embora, com o passar do tempo, se fez necessário olhar para o limiar entre a prática em saúde mental e as atribuições do Estado, apontando para a insuficiência das estagiárias em remendar uma falta deixada pela lacuna das políticas públicas. É inegável o quanto a experiência agregou significativamente à formação em Psicologia, realizada em campo, contando com a orientação de professores e supervisores do PAAS, que se mostrou como uma rede de suporte também às estagiárias. Palavras-chave: Enchentes, Rio grande do Sul, primeiros cuidados psicológicos, emergência e desastre. Sensação nítida de devir, de sair da plateia da televisão e entrar pela tela da vida, caindo de susto no palco do mundo que antes me tocava, mas não era meu. Agora eu sou também desse mundo. Débora Noal Inund(Ação) Construímos a presente escrita coletiva como forma de registrar e elaborar o que passou, o que sobrou e o que ficou dentro de nós, por meio de uma experiência compartilhada, na qual juntas sentimos muito, sentimos tudo e, principalmente, sentimos “com”. Era maio de 2024 e estávamos todas vivendo nossas vidas e rotinas individuais, na correria de um semestre cheio de expectativas e de planos traçados, quando tudo começou a inundar. Inundadas pela angústia e pela inse-

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